Fé em Deus, no trabalho e nas graças alcançadas por meio
de Bom Jesus dos Navegantes, santo padroeiro do povo ribeirinho e
pescadores cuja celebração atrai milhares de romeiros para Penedo.
No
berço da maior festa religiosa da região do Baixo São Francisco, de
Alagoas e de Sergipe, um mini documentário em vídeo exalta a
religiosidade dos penedenses que vivem os festejos de forma plena.
“Praticamente
na festa de Bom Jesus eu só venho em casa tomar remédio e comer e
quando termina a gente fica com saudades”, afirma Marisa Moraes, uma das
personagens da produção e devota que integra a equipe responsável pelos
preparativos religiosos, agradecendo as graças alcançadas por
intercessão divina.
“Tenho recebido muitas bênçãos, muitas
graças, muitas mesmo e trabalho sem pensar em recompensa porque Ele
mesmo dá”, diz a moradora da paróquia da Santa Cruz que colabora
efetivamente com os preparativos da celebração que mobiliza aquela
comunidade desde 1914.

Frei
José Edílson Maurício dos Santos também tem seu depoimento registrado e
lembra que a celebração a Bom Jesus dos Navegantes, em Penedo, começou
no convento franciscano. Na Igreja de Santa Maria dos Anjos, o jovem
religioso penedense ordenado em 2019 recorda que a representação do
Cristo Crucificado era seguida em procissão, desde 1884.
“Para o
penedense, o ano só começa após a festa de Bom Jesus, para que o ano
progrida e floresça na Graça de Deus”, explica o Frei Edílson sobre a
celebração realizada a cada segundo domingo do mês de janeiro, inclusive
com a mudança da celebração do convento para a capela da Santa Cruz e a
substituição da imagem do Senhor na cruz pela escultura que representa a
passagem bíblica sobre o milagre que acalmou a tempestade no lago e
rendeu fartura aos pescadores e apóstolos do Cristo.
A relação de
vida entre o homem, o sagrado, o trabalho e o profano também está
presente nos depoimentos dos que vivem diretamente do Rio São Francisco.
Experiente carpinteiro naval conhecido como Mestre Lú fala de sua
experiência pessoal, como autodidata na fabração de embarcações e das
brincadeiras com amigos na tradicionais corridas de canoa, um dos
atrativos dos festejos em todas as comunidades ribeirinhas entre Alagoas
e Sergipe.

Daniel
dos Santos é pescador e mora em Penedo há 30 anos, completamente
integrado ao Velho Chico que visita diariamente para o exercício do
trabalho artesanal. Com sua embarcação a motor, ele sai em busca de
peixes, sob a proteção do santo padroeiro.
“Eu peço proteção para
Bom Jesus quando saio pra minha pescaria porque é Ele quem vai me
proteger de tudo”, diz Daniel dos Santos sobre a devoção encontrada
entre os demais pescadores do Baixo São Francisco, povo que celebra Bom
Jesus dos Navegantes com os demais romeiros, todos os anos, em Penedo.