A recorrência e intensidade
das chuvas em Alagoas durante a safra 2022-2023 podem trazer prejuízos
de mais de R$ 340 milhões para os produtores de cana do estado. A
condição climática atrasou a moagem e dois milhões de toneladas de cana
podem deixar de ser colhidas.
Até o último dia 15 de fevereiro,
de acordo bom o boletim de acompanhamento de safra do Sindaçúcar-AL as
usinas tinham processado 14,7 milhões de toneladas de cana no ciclo
atual, um volume -6,57% menor se comparado com igual período da moagem
2022/20223 (15,7 milhões).
A previsão da entidade apontava para
uma produção de cerca de 19,5 milhões de toneladas de cana na atual
safra. O consultor do Sindaçúcar-AL, Cândido Carnaúba, explica que o
setor corre o risco de não atingir esse número.
“Há uma demanda
de cinco milhões de toneladas de cana, então há uma preocupação geral de
que não haja tempo hábil para moer essa cana. Se os meses de março e
abril forem chuvosos, nós poderemos ter um contingente de um a dois
milhões de toneladas de cana que não poderão ser processadas”.
Em
Alagoas, a moagem da cana costuma ir até o dia 31 de março, porém, em
2023, poderá seguir até a segunda quinzena de abril, caso o clima
favoreça e os produtores consigam fechar a safra. Se o tempo não
permitir, a moagem ficará para a próxima safra.
Não só na
quantidade de cana colhida está o prejuízo. O excesso de chuvas e a
incidência de pragas diminuem a qualidade do produto que chega às usinas
de Alagoas. A cana, com a absorção de água, fica um pouco mais pobre em
virtude da diminuição da sacarose, então se um menor rendimento de
açúcar por tonelada de cana.
Edgar Filho, presidente da
associação, explica que a safra 22-23 foi desafiadora atípica, já que as
chuvas de inverno se estenderam até o verão, época de colheita da
safra, impactando negativamente na moagem e na produtividade da cana,
principalmente na Região Norte do estado.
“O índice de tonelada
de cana por hectare caiu, este ano, cerca de 10 toneladas por hectare,
então, nós que tínhamos uma média de 60,65 toneladas por hectare,
tivemos produtores que fecharam com 50, 53,54. Isso foi uma questão
geral no Norte de Alagoas”, observou Filho. Segundo ele, no Sul do
estado o impacto foi menor porque a recorrência de chuva foi menor do
que no Norte, mas isso fez com que os fornecedores passassem a gastar
menos com irrigação.
O indicador de ATR (Açúcar Total
Recuperável) da cana também apresentou queda este ano devido as chuvas e
pragas, ocasionando um impacto financeiro negativo para o fornecedor.
“Ano passado tivemos uma média de 130kg de ATR e esse ano não consegue
se passar nem de 120kg neste índice”, apontou Edgar.