Tina Turner, cantora americana considerada a rainha do
rock n' roll, morreu aos 83 anos. A morte foi confirmada pelo assessor
dela nesta quarta-feira (24). A causa da morte não foi divulgada, mas
ela morreu "após uma longa doença" em sua casa na Suíça.
A
cantora de sucessos como "What's Love Got to Do with It", "The Best" e
"We Don't Need Another Hero" se lançou em carreira solo nos anos 1980.
Antes, Tina e o ex-marido, Ike Turner, que morreu de uma overdose de
cocaína em 2007, fizeram sucesso no final dos anos 1960 e início dos
anos 1970.
Tina ganhou oito prêmios Grammy e vendeu mais de 100 milhões de discos em todo o mundo.
Anna
Mae Bullock nasceu em uma família pobre dos Estados Unidos. Aos 15
anos, foi abandonada pelos pais e cantou em boates para se sustentar.
Em
uma das apresentações, conheceu Ike Turner com a banda The Kings of
Rhythm. Anna Mae pediu para ser backing vocal e em pouco tempo se tornou
uma das vozes principais. Ike e a cantora decidiram formar uma dupla e,
após se casarem, ela adotou o nome artístico Tina Turner. Ao lado do
marido, dominou o cenário da música soul nos anos 60 e 70.
Na
vida pessoal, o casamento foi marcado por brigas e escândalos.
Alcóolatra e dependente de drogas, Ike culpava Tina pelo declínio da
dupla, a agredia, humilhava e traía. Ela apareceu em público diversas
vezes com o olho roxo ou com o lábio inchado. Depois de 18 anos, ela
pediu o divórcio. Na justiça, propôs abrir mão de todo o patrimônio em
troca de manter o sobrenome Turner.
O recomeço
Tina
recomeçou do zero. Sem dinheiro, morou com uma amiga e abriu shows para
outros grupos famosos, como os Bee Gees. Para voltar ao cenário
musical, apostou no rock, influenciada por David Bowie e Rolling Stones
(uma curiosidade: Mick Jagger se inspirou em Tina para criar sua icônica
dancinha nos palcos). Adotou ainda um novo estilo, com roupas ousadas e
cabelos loiros espetados.
Em 1984, lançou o álbum "Private
dancer". "Whats love gotta do with it", que ela não queria gravar quando
ouviu pela primeira vez, virou um megassucesso e ajudou Tina a vender
mais de dez milhões de cópias em todo o mundo. O título de "rainha do
rock" surgiu aos 45 anos. Nos shows e clipes, ela cantava e dançava sem
perder o fôlego.
Em 1986, lançou a biografia "Eu, Tina: a
história da minha vida", sobre a trajetória profissional e pessoal com o
ex-marido, além de revelar as agressões. O livro virou filme em 1993,
estrelado por Angela Basset e Laurence Fishburne.
O álbum
seguinte foi "Break every rule", com o qual Tina fez a maior turnê de
sua carreira. Foram 14 meses viajando. Um show dessa turnê no Brasil
entrou para o livro dos recordes: a cantora reuniu nada menos que 184
mil pessoas em uma única apresentação no Maracanã. O show foi
transmitido ao vivo para todo o mundo.
No início dos anos 90,
lançou a música ‘The best’, que chegou a ser tema de alguns atletas. Um
deles foi Ayrton Senna, que subiu no palco ao lado de Tina durante uma
apresentação.
Os trabalhos de Tina Turner não ficaram restritos à
música. Ela estrou nos cinemas em 1975 no filme ‘Tommy’. Dez anos
depois, fez outro sucesso: ‘Mad Max – Além da cúpula do trovão’. Ela foi
responsável também pelo tema do longa-metragem, que dominou as paradas
de sucesso. A cantora gravou a trilha de muitas outras produções,
incluindo ‘007 contra Golden Eye’.
O sucesso da música fez com
que Tina Turner, então com 56 anos, lançasse um novo álbum, ‘Wildest
dreams’. No fim da década de 90, lançou o nono álbum da carreira solo e
anunciou a aposentadoria dos palcos. ‘Twenty four seven’ teve apenas
dois hits, mas o clima de despedida atraiu milhões para os shows.
Em
2008, para marcar os 50 anos dos prêmios Grammy, fez uma apresentação
histórica. Além de cantar seus grandes sucessos, fez um dueto com a
cantora pop Beyoncé. Quando fez 73 anos, Tina Turner superou Meryl
Streep e foi a mulher mais velha a estampar a capa da revista "Vogue".
Em 2021, um documentário da HBO recontou com detalhes a vida e carreira
dela.