Única capital do Nordeste que deu mais votos a Jair
Bolsonaro do que a Lula em 2022, Maceió é um caso a ser estudado por
cientistas ou experts políticos.
O voto conservador não ficou só
no ex-presidente. Entre os candidatos a deputados federais e estaduais,
dois delegados da Polícia Civil, um ex-cabo PM e um ex-secretário de
Segurança que transformaram prisão e morte de bandidos em “troféus”
foram os mais votados. Em comum, têm o discurso conservador e uma
indisfarçável admiração por Bolsonaro.
Talvez tenha sido esse aparente “perfil” do maceioense decisivo para a “virada de chave” partidária do prefeito de Maceió.
JHC,
até o primeiro turno das eleições de 2022 era do Partido Socialista
Brasileiro, o PSB, legenda de esquerda que ajudou Lula a virar
presidente do Brasil. Era…
No dia 7 de outubro do ano passado,
apenas cinco dias após o resultado das eleições, se filiou ao PL,
partido que virou de direita e ultraconservador.
A “guinada” não
foi, digamos ideológica. Até porque JHC, mesmo num partido de esquerda,
aparentemente se identificava mais com a direita.
E será neste
partido, um pouco mais apropriado ao seu perfil ideológico, que o
prefeito João Henrique Caldas irá disputar a reeleição no próximo ano. E
poderá ter entre seus adversários, além de um candidato com apoio do
Palácio República dos Palmares, um nome forte de esquerda.
Se
depender do deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT), JHC poderá ter
entre seus adversários um candidato de esquerda competitivo.
“Maceió era uma cidade de esquerda não faz muito tempo, com voto claramente progressista e de resistência”, aponta.
Medeiros
lembra que a capital elegeu prefeitos de esquerda (Kátia Born e Ronaldo
Lessa) e ajudou eleger progressistas para a Assembleia Legislativa,
Câmara dos Deputados, Senado e até para o governo do estado. “Ronaldo
Lessa, Selma Bandeira etc”, resume.
Neste etc (acréscimo meu)
cabem nomes que tiveram papel importante na política da capital e do
Estado em passado recente: Eduardo Bomfim, Edberto Ticianelli, Ênio
Lins, Jarede Viana, Régis Cavalcante, Judson Cabral, Heloísa Helena e
Freitas Neto, entre outros tantos. Também cabem nomes que continuam no
batente, a exemplo do vice-governador Ronaldo Lessa, do próprio Medeiros
e Paulão.
Em meio a esse cenário, o PT de Alagoas vai tomar uma
decisão importante em breve: disputar a prefeitura de Maceió, buscando
protagonismo e ocupando o espaço da esquerda ou apoiar um candidato do
MDB.
Dentro do PT o movimento em direção a uma candidatura
própria é cada vez mais intenso. “Temos que disputar. O PT erra quando
não entra em campo e fica só na torcida”, aponta Ronaldo Medeiros.
“Quando isso acontece, perdemos espaços e não crescemos”, emenda.
A
não participação avalia o deputado, tem um preço: “Analisando o
Nordeste, a única capital que o Lula e a Dilma não venceram foi Maceió.
Isso ocorreu justamente pela nossa omissão nas eleições, ou seja, não
disputar”, afirma.
E não é só Medeiros a levantar a voz em defesa de candidatura a própria.
A
“tese” também tem o apoio de outros importantes líderes partidários, a
exemplo de Paulão que pode a exemplo de Ronaldo, ser o candidato da
esquerda contra JHC. Mas essa é outra história.