Hospital da Cidade - Foto: Secom Maceió
O termo administrativo da desapropriação do Hospital do Coração,
assinado em 29/09/2023, previa que o município assumiria em definitivo a
estrutura do hospital quatro meses depois. O prazo se venceu nesta
segunda-feira, 29 de janeiro, sem que a tenha prefeitura publicizado uma
solução para a gestão do equipamento hospitalar.
A compra do
hospital por R$ 266 milhões foi feita com dinheiro do acordo de R$ 1,7
bilhão com a Braskem, segundo informação do próprio prefeito João
Henrique Caldas, o JHC (PL). O negócio esteve cercado de polêmicas desde
o princípio, com suspeitas de sobrepreço ou superfaturamento de acordo
com denúncias apresentadas pelo MDB ao Ministério Público do Estado e ao
Tribunal de Contas do Estado.
De acordo com o termo administrativo a que o blog do Edivaldo Junior teve acesso (veja aqui, na íntegra)
foram previstas regras para a transição, que duraria no máximo 4 meses.
Nesse período, todo lucro que fosse auferido pela Cardiodinâmica,
empresa proprietária do antigo Hospital do Coração, deveria ser
revertido em investimentos na estrutura do Hospital da Cidade.
Aparentemente,
esse mecanismo foi criado, na avaliação do vereador Joãozinho Gabriel
(PSD), para justificar o uso de equipamento público por uma empresa
privada. Seria uma espécie de aluguel. O parlamentar promete entrar,
ainda esta semana, com um requerimento pedindo informações sobre os
lucros da Cardiodinâmica.
“Vamos requerer cópias dos balancetes
para verificar se a empresa teve lucros nesse período. Quero saber se de
fato houve algum lucro e, se houve, como ele foi investido. Porque
quando estivemos lá há dois meses (fazendo inspeção), o que vimos foi um
hospital inacabado, com várias alas em obras. E se essas obras
continuam quem será o responsável por elas? A Cardiodinâmica ou a
prefeitura de Maceió?”, aponta o parlamentar.
O vereador alerta
que o prazo previsto no termo administrativo já acabou e, a partir de
agora, toda a gestão, todas as despesas e intervenções, são de
responsabilidade do município.
Einstein
Outra
informação confirmada por médios que ainda trabalham no HCor – que
continua funcionando na estrutura do Hospital da Cidade é que o acordo
feito entre a Cardiodinâmica e o Hospital Israelita Albert Einstein, que
segundo o prefeito JHC faria a gestão ou ao menos a consultoria sobre a
gestão do futuro Hospital da Cidade foi desfeito.
“O Albert
Einstein desistiu”, confirma um médico que trabalha no hospital. O
Einstein confirmou, em diferentes momentos, que não chegou a fazer
nenhum acordo de parceria com a prefeitura de Maceió, mas tinha um
contrato com a Cardiodinâmica.
Em 29 de setembro do ano passado
quando anunciou a compra (desapropriação) do Hospital do Coração o
prefeito JHC anunciou pessoalmente que tinha contratado (“fomos buscar o
melhor”, disse á época) o melhor do Brasil, o Einstein, para fazer a
gestão do Hospital da Cidade.
Como verificado depois, a
prefeitura de Maceió nunca fez nenhum acordo, parceria ou contrato com
essa finalidade com o hospital de São Paulo. Isto leva a crer que o
prefeito JHC provavelmente se “confundiu”, porque na verdade um acordo
foi assinado no mesmo dia (29 de setembro) entre o Albert Einstein e a
Cardiodinâmica, mas não com a prefeitura de Maceió.
Desmonte
No
hospital do coração o clima é de apreensão de muita desinformação entre
colaboradores. Todos evitam ou têm medo de falar. A maior preocupação,
no entanto, é o futuro deles na instituição. Desde a última sexta-feira
(26/1) segundo informações de colaboradores não existe mais autorização
para agendamento de pacientes de convênios no ambulatório HCor. Também
estão suspensas marcações de cirurgias até 15 de fevereiro.
Ainda
segundo médicos do HCor, o Hospital da Cidade será admibnsitrado por
uma OS ou SSA, Serviço Social Autônomo. E tudo indica que a prefeitura
deve assumir através desse modelo o controle controle da instituição a
partir de primeiro de fevereiro.
A “empresa’ de fato já foi
criada a partir de uma lei sancionada por JHC e publicada no Diário
Oficial de Maceió do dia 2 de janeiro de 2023 (veja aqui).
O prefeito criou a “Maceió Saúde” uma SSA. Na segunda-feira passada
(22/1) foi publicado o “Estatuto Social” que regulamentando como
funcionará o SSA Maceió Saúde (veja aqui a partir da página 10)
Existe
inclusive informações circulando no hospital de que um médico da Bahia,
que é amigo do DR JHC , irmão do prefeito JHC teria sido convidado para
assumir a gestão do hospital ou a presidência da SSA. Essa informação
não foi confirmada até o momento e está no campo das especulações.
A
SSA Maceió Saúde terá “vida própria” e não será submetida a Secretaria
de Saúde do município. Eela funcionará com recursos públicos mas terá
CNPJ de empresa privada e não se sabe se fará concurso público, PSS ou
se contratará pessoal sem concurso em ano de eleição.
Quem manda
O
conselho do SSA Maceió Saúde foi nomeado em decreto de 18 de janeiro
deste ano. O controle “político” será do prefeito JHC. Todos os
indicados são secretários ou pessoas de sua extrema confiança.
Veja:
“DECRETO
Nº. 9.702 MACEIÓ/AL, 18 DE JANEIRO DE 2024. CONSTITUI O CONSELHO
ADMINISTRATIVO DO SERVIÇO SOCIAL AUTÔNOMO DE SAÚDE DA CIDADE DE MACEIÓ –
MACEIÓ SAÚDE.
Art. 1º Fica constituído o CONSELHO ADMINISTRATIVO
DO SERVIÇO SOCIAL AUTÔNOMO DE SAÚDE DA CIDADE DE MACEIÓ – MACEIÓ SAÚDE,
formado pelos representantes abaixo relacionados:
PREFEITURA MUNICIPAL DE MACEIÓ
Titular: LUIZ ROMERO CAVALCANTE FARIAS (Suplente: BRUNA JUCA TEIXEIRA MONTEIRO)
Titular: JOÃO FELIPE ALVES BORGES (Suplente: FABRICIO DE ALMEIDA FERNANDES)
Titular: JOÃO LUIS LOBO SILVA (Suplente: DAVID FERREIRA DA GUIA)
Titular: LUIZ DIEGO RAMOS RODRIGUES (Suplente: MEIRY SOARES PORCIUNCULA)
Titular: IVAN VASCONCELOS DE CARVALHO (Suplente: THIAGO SIQUEIRA FIRMINO)
Titular: JOSE DE BARROS LIMA NETO (Suplente: JULIA DE FRANÇA LINS)
CÂMARA MUNICIPAL DE MACEIÓ – CMM
Titular: Vereador MARCELO PALMEIRA (Suplente: Vereador EDUARDO CANUTO)
Titular: Vereador BRIVALDO MARQUES (Suplente: Vereador JOÃO CATUNDA)
O que é SSA?
O
serviço social autônomo é uma modalidade de atuação conjunta e
cooperada entre o Poder Executivo e entidade civil sem fins lucrativos
na realização de atividades não privativas de Estado e, especialmente,
no provimento de serviços de interesse público diretamente ao cidadão.
Trata-se
de uma entidade em que a parceria estado-sociedade é autorizada
diretamente pela lei, que estabelece as condições da relação cooperada.
Por essa razão, é tratada pela doutrina jurídica nacional como entidade
com vínculo paraestatal com o Poder Público, onde a cooperação
público-privada não decorre da vontade e decisão do Poder Executivo, mas
por reconhecimento direto e ato do Poder Legislativo.
Como
exemplo, podem ser citadas as entidades civis de serviço social e
formação profissional vinculadas ao sistema sindical – os serviços
sociais autônomos (SSA) do “Sistema S” – as quais a própria Constituição
Federal reconhece como parceiras e lhes garante o fomento a partir de
fonte de recursos de origem parafiscal, oriundos das tributações da
folha de salário das empresas que representam. (art. 240 da Constituição
e art. 62 do Ato das Disposições Transitórias).
(Com informações desta página: https://www.contratualizacaono...
Veja a documentação:
Termo Administrativo
Estatuto Social do SSA Maceió Saúde (página 10)
LEI Nº. 7.502 MACEIÓ/AL, 02 DE JANEIRO DE 2024, criando o Maceió Saúde