Dias das Mães: bares e restaurantes esperam aumento superior a 20% - Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
O Dia das Mães, que será comemorado no próximo dia 12, está animando os
empresários do setor de bares e restaurantes do país, após um pior
momento, atingido em fevereiro, quando 31% das empresas funcionaram no
vermelho, com dívidas acumuladas, e 69% operaram sem lucro. “O setor
está muito animado porque o Dia das Mães é o segundo melhor dia do ano.
Só perde para o Dia dos Namorados”, confirmou nesta sexta-feira (3) à
Agência Brasil o presidente da Associação Brasileira de Bares e
Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci.
O primeiro trimestre não
foi bom como o setor esperava, mas houve recuperação a partir de março.
“Agora, as empresas estão animadas para o Dia das Mães. Quatro em cada
cinco empresários estão esperando um ano melhor do que no ano passado. A
maioria, ou seja, 60%, já acham que o crescimento vai ser acima de 20%
em relação a igual data comemorativa de 2023. A turma está bem animada
com o Dia das Mães. As consequências disso são muito positivas. Reduz a
situação dura que está todo mundo enfrentando”, disse Solmucci.
Como
o movimento esperado é muito acima do normal, há aumento de
contratações pelos estabelecimentos. O presidente da Abrasel explicou
que crescer o movimento sobre um domingo normal significa dobrar o
faturamento. De acordo com pesquisa divulgada nesta sexta-feira (3) pela
Abrasel e realizada com 3.069 empresários, entre os dias 22 e 29 de
abril, 77% dos estabelecimentos estão planejando abrir as portas no
segundo domingo de maio (12). Desses, 78% esperam superar o faturamento
do ano anterior, com a maioria (62%) projetando aumento de até 20%.
“Está todo mundo querendo aproveitar esse dia, que é muito especial”,
comentou Paulo Solmucci.
Recuperação
A
sondagem comprova a recuperação gradual do setor, que experimentou
redução nos prejuízos e melhoria nas vendas, no último mês de março. Em
fevereiro, eram 31% das empresas operando no vermelho; em março, esse
índice caiu para 25%. Tiveram lucro 35% e 40% mantiveram-se
equilibradas. O indicador de empresas que não fizeram lucro caiu de 69%
para 65%. “O melhor é que caiu mais naqueles que estavam tendo
prejuízo”, disse Solmucci. O aumento nas vendas foi de 5,2% em março, em
comparação a fevereiro: 52% das empresas confirmaram que o faturamento
foi maior que no mês anterior, contra 22% que afirmaram que as vendas
caíram.
O presidente da Abrasel afirmou que o setor de bares e
restaurantes tem dificuldade de repassar preços da inflação “até porque o
consumidor também está apertado”. De acordo com a pesquisa, cerca de
57% dos entrevistados não conseguiram acompanhar o aumento
inflacionário, que foi 1,42% no primeiro trimestre deste ano. Desse
total, 40% não conseguiram reajustar seus preços de cardápio, 17%
fizeram ajustes abaixo da inflação, 34% conseguiram aumentar os preços
conforme a inflação e apenas 9% ajustaram acima do índice.
O
setor registrou no período um dos maiores aumentos de salários em termos
reais, isto é, descontada a inflação, da ordem de 4,7%. “O setor teve
que aumentar os salários em termos reais para atrair mão de obra e
reter, ao mesmo tempo que a gente está tendo dificuldade em repassar o
preço para o consumidor. Por isso, as margens (de lucro) estão
espremendo”, explicou.
Desafio
O grande
desafio, segundo manifestou o presidente da Abrasel, diz respeito à mão
de obra. “Está muito difícil. Nós promovemos um dos maiores aumentos de
salário no país, no ano passado, e tivemos aumento de alimentos forte no
início deste ano, além de uma dificuldade enorme de repassar a inflação
média para o cardápio. Isso está comprometendo a rentabilidade do
setor, que continua buscando a luz no fim do túnel, mas está muito
apertado, desta vez por conta de aumento real de salário”. Destacou que
quando os empresários não conseguem repassar a inflação e o aumento
salarial para os preços no primeiro momento, isso acaba diminuindo a
margem “de um setor que tem margem muito apertada”.
Para o ano,
Paulo Solmucci acredita que o setor terá crescimento real de 3%, que é
pelo menos 50% acima do que o país deve crescer. Salientou que a grande
interrogação dos empresários é conseguir repassar o aumento de preços
diante da pressão dos alimentos e do custo de mão de obra. Sob o ponto
de vista do faturamento, reafirmou o otimismo do setor. “O pior momento
já passou”.
O endividamento, entretanto, continua em patamar
elevado, com 40% das empresas apresentando pagamentos em atraso. Entre
esses, 68% devem impostos federais, 46% devem impostos estaduais, 38%
têm parcelas de empréstimos bancários em atraso, 29% devem encargos
trabalhistas ou previdenciários e 27% estão em débito com serviços
públicos como água, gás ou energia elétrica.