
Mais uma família alagoana
decidiu transformar a profunda dor pela perda de um ente querido em uma
nova chance de vida para quatro das 547 pessoas que estão na lista de
espera por um transplante de órgãos em Alagoas. Essa é mais uma prova do
esforço realizado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), por meio
da Central de Transplantes, visando sensibilizar, mobilizar e organizar o
processo de captação de órgãos no território alagoano.
Dessa
vez, o doador foi um homem de 50 anos, que chegou ao Hospital Geral do
Estado (HGE), em Maceió, acometido por um Acidente Vascular Cerebral
(AVC) do tipo hemorrágico. Após cinco dias internado, a equipe médica
constatou a morte encefálica por meio de protocolo específico rígido,
seguindo critérios precisos e padronizados, os quais incluem a
realização de exames clínicos, em momentos distintos, realizados por
médicos diferentes.
“Com o diagnóstico de morte encefálica,
acionamos a nossa corrente do bem. Várias pessoas se unem, de diferentes
setores do hospital, e da própria Sesau, para viabilizar essa captação
aqui no HGE. Temos muito apoio do pessoal da Emergência, da Vermelha
Clínica, da Coordenação da UTI [Unidade de Terapia Intensiva], da
Coordenação do Centro Cirúrgico, da gestão do hospital, desde a direção
até a Coordenação de Enfermagem. O resultado de tudo isso é importante
para Alagoas e, principalmente, para essas pessoas que estão na lista de
espera”, afirmou Lucas Santana, coordenador da Organização de Procura
de Órgãos (OPO) do HGE.
De acordo com a Central de Transplantes
de Alagoas, até o último levantamento feito pelo serviço, 547 alagoanos
estavam na lista de espera pela doação de órgãos, sendo 513 esperando
por córneas, 30 por um rim e quatro por um fígado. Nesta captação,
realizada na maior unidade de Urgência e Emergência de Alagoas, foi
possível a retirada das córneas e dos rins. Os órgãos foram armazenados
em material adequado, em baixa temperatura, e levados aos receptores
indicados pela Lista Única de Receptores do Sistema Nacional de
Transplantes do Ministério da Saúde (MS).
“Um sistema logístico
eficiente é crucial para a realização de transplantes, uma vez que cada
órgão tem um tempo máximo de sobrevivência fora do corpo. Dessa forma, a
nossa equipe se mobiliza para a realização da captação de órgãos,
buscando o fornecimento de recursos específicos, muitas vezes,
necessários no processo de transplante de órgãos, como abastecimento de
materiais de consumo, agendamento de salas de cirurgias, pessoal
especializado e todo o fluxo de informações entre os envolvidos”,
explicou a coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela
Ramos.
Como ser doador
Para ser um doador de órgãos é
importante que o indivíduo informe a sua família, ainda que essa seja
uma decisão que pode acontecer muitos anos depois. Falando sobre o
assunto, em caso de morte encefálica, mesmo em meio à dor, os familiares
encontram a recordação necessária para autorizar a retirada de órgãos e
tecidos. Para algumas pessoas que autorizaram a doação, essa é mais uma
forma de homenagear o ente querido, cumprindo com o seu último desejo.
“A
sua família precisa saber sobre o seu desejo de se tornar um doador
após a morte, para que possa autorizar a efetivação da doação. Após a
manifestação do desejo da família em doar os órgãos do parente, a equipe
de saúde realiza outra parte da entrevista, que contempla a
investigação do histórico clínico do possível doador. A entrevista é
essencial para que a equipe possa avaliar os riscos e garantir a
segurança dos receptores e dos profissionais de saúde”, explicou Daniela
Ramos.
*Com Agência Alagoas