
A Polícia Civil de Alagoas está investigando a denúncia feita por um grupo de mulheres em Maceió, em que um homem conhecido delas teria manipulado imagens delas, sem autorização, e feito uso de inteligência artificial para incrementar cenas eróticas e divulgar o material falso em site de conteúdo adulto.
Segundo apurado pela TV Pajuçara, as mulheres começaram a investigar e descobriram que outras 18 amigas foram vítimas da exposição.
Uma das vítimas, que não foi identificada, disse que soube da
situação depois que uma amiga telefonou e revelou que viu a imagem dela.
"Ela falou: vou te mandar um link e você vai entrar agora.
Quando eu entrei, a primeira foto que eu vi minha, era uma foto nua, que
eu não tinha tirado. Nisso, eu fiquei muito nervosa, comecei a olhar o
site e vi que todas as meninas que estavam nesse site eram amigas minhas
e outras conhecidas. Era um site de "vazadas", um site pornô, e aí eu
retornei a ligação e queria entender o que é que estava acontecendo".
A vítima afirmou que conseguiu identificar o suspeito do crime por
meio de uma breve investigação. E descobriu que ele era um amigo
próximo.
"Quando entrei no site, vi que tinham fotos minhas de
rosto, e eu não posto foto de rosto, apenas no WhatsApp. E eu só tenho
30 contatos. Dentro desses 30 contatos, só tinha um menino, que estudava
comigo, era um amigo muito próximo. Conheço ele há oito anos. Estudei
com ele desde os meus 11 ou 12 anos, desde o sexto ano do Ensino
Fundamental II. E aí, eu já retornei a ligação para essa minha amiga e
falei: 'Eu sei quem é'. Daí, fui no perfil de cada uma que foi citada
nesse site e, quando entrei no perfil delas, todo mundo tinha ele em
comum". O grupo abordou o suspeito e o questionou sobre a divulgação das
imagens falsas. Em um vídeo curto, ele diz que publicou o material.
"Eu
tenho um áudio, gravei enquanto ele falava, onde ele fala que é fácil.
Que ele aprendeu e é super tranquilo para ele. A gente só perguntou uma
vez: você postou foto nossa? Ele falou: sim, eu postei, fiz montagem",
contou uma das vítimas.

Reprodução / TV Pajuçara
Polícia investiga o caso -
O 8º Distrito Policial está à frente da apuração e vai ter o apoio da
Seção de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil, garantiu o delegado
Sidney Tenório.
"A PC vem acompanhando a situação que ocorreu no
Benedito Bentes, onde um jovem está sendo acusado de ter criado perfis
falsos. Na verdade, ele usou um site de conteúdo adulto para postar
várias fotos de colegas, inclusive utilizando Inteligência Artificial.
Fazendo montagens com fotos do cotidiano das mesmas e colocando cenas
eróticas. O fato inicialmente foi registrado na Central de Flagrantes,
depois no 8º Distrito Policial. E agora, a Seção de Crimes Cibernéticos
vai dar todo apoio ao 8º DP para apurar esse fato. Sabemos que é um caso
que exige certa expertise por parte dos investigadores".
"Por
isso, a diretoria da Área 1 e a Dracco (Diretoria de Repressão à
Corrupção e ao Crime Organizado) vão investigar esse caso. Queremos
garantir para as vítimas dessa situação, que são algumas meninas e
mulheres da região do Benedito Bentes, que tiveram suas imagens
postadas, que o fato vai ser apurado com rigor. Trabalhamos com alguns
crimes: a difamação praticada por meio da internet, cuja a pena é grave,
são três anos de reclusão; montagem e uso de manipulação de imagens".
Uma das vítimas desabafou à reportagem da TV Pajuçara.
"A
gente está até com vergonha de sair na rua, com medo de alguém que viu o
site, abriu o site, de reconhecer a gente. Também no trabalho, o
pessoal está perguntando o que está acontecendo. Querendo ou não, isso
foi um choque muito grande pra gente, tanto é que a gente conhecia a
pessoa que fez isso".
Postura de agente em registro de Boletim
de Ocorrência também é apurada - Além de precisar lidar com a exposição
diante de imagens falsas e o crime sexual denunciado na internet, as
mulheres reclamaram da resposta que tiveram da autoridade plantonista na
delegacia.
"A pessoa perguntou só o que eu fazia, o meu CPF e o
meu nome. Não perguntou como foi a situação, nem nada. Ela só falou
isso e quando eu falei para ela que eu fazia faculdade e que era CLT,
ela falou assim: 'Ai, CLT, Deus me livre'", reclamou a vítima.
O delegado Sidney Tenório informou que a direção da Polícia Civil está ciente da reclamação.
"Asseguramos
que tudo será apurado. Eventual tratamento que elas digam não ter sido
digno da PC serão corrigidos. Tudo já está sob conhecimento da
diretoria".