A liberação indiscriminada do acesso de veículos automotores e
motocicletas à Praia dos Morros de Camaragibe, por pouco mais de um mês,
gerou uma série de impactos ambientais preocupantes, segundo
levantamentos realizados por especialistas e relatos de visitantes
locais. O aumento descontrolado do fluxo de veículos e visitantes
resultou em danos à vegetação nativa, acúmulo de resíduos e ameaças à
fauna marinha e terrestre da região, que é reconhecida por sua
importância ecológica.
A praia dos Morros está situada em uma
área sensível, na APA Costa dos Corais, onde espécies da fauna e flora
dependem de um equilíbrio delicado para sobreviver. Durante o último
mês, após o período de acesso indiscriminado, foram observados sinais de
degradação, incluindo o pisoteamento de áreas de restinga, vegetação
fundamental para a contenção da erosão costeira. Além disso, registros
apontam um aumento expressivo na quantidade de lixo deixado pelos
visitantes, incluindo plásticos, latas e outros resíduos que comprometem
o ecossistema local, risco de incêndios com fogueiras e captura de
animais silvestres.
Outro problema relatado foi a presença de
veículos trafegando em áreas sensíveis, prejudicando ninhos de aves
marinhas e desestruturando o solo, o que pode acelerar processos de
erosão. Espécies como a tartaruga marinha, cuja reprodução ocorre em
determinadas épocas do ano, também podem ter sido impactadas pelo
aumento do fluxo humano sem controle ambiental adequado.

Segundo
o professor da Ufal, Jorge Luiz, que realiza pesquisas na região há
mais de 20 anos, a praia de Morros de Camaragibe é uma praia que tem uma
importância muito grande, com uma biodiversidade muito plural, tanto
continental quanto marinha, e esse movimento de pessoas circulando com
veículos, quadricículos, motocicletas é coisa que não acontecia naquele
trecho. “Agora, com essa liberação desenfreada de tráfego de, sobretudo,
veículos tem causado grandes danos em uma das poucas praias do litoral
alagoano que possuía uma grande área ainda de preservação”, enfatizou.
Durante
esse período, foi observado ainda um aumento no número de casos de
criminalidade, como o flagrante de ato ao pudor, onde um casal realizou
sexo a luz do dia, e furtos de pertences de hóspedes.
A polêmica
sobre o acesso à praia tem sido debatida entre autoridades e
representantes de um condomínio local, que já desenvolve ações para
minimizar impactos ambientais. O episódio recente reforça a necessidade
de um planejamento rigoroso para evitar que a abertura indiscriminada
comprometa a biodiversidade, a segurança e a sustentabilidade da região.

Para
o professor Jorge Luiz a liberação de acesso não pode ser feita como
foi, sem criar uma ordenação mínima. “Dessa forma, como vimos no último
mês, está comprometendo um dos poucos trechos de praia do litoral
alagoano que seguia sob preservação. As pessoas estão achando que lá
está liberado para o que elas quiserem e não é bem assim. Essa liberação
desenfreada e desorganizada está favorecendo diversos crimes
ambientais”, enfatizou