A maior ameaça ao agronegócio não está no clima, nem na economia. Está
dentro de casa. Esta frase pode parecer exagero, mas a verdade é dura: o
que mais ameaça a continuidade de muitas fazendas no Brasil não é a
seca, nem a dívida e a falta de planejamento sucessório.
O
agronegócio é um dos grandes motores da economia brasileira. E boa parte
dele é movida por famílias que construíram, ao longo de gerações,
patrimônios valiosos e histórias de muito trabalho. Mas o que acontece
quando o fundador da fazenda se afasta ou parte, e ninguém sabe o que
fazer depois?
A fazenda que um dia foi sinônimo de progresso, de
repente, vira palco de disputas familiares, confusão na gestão e até
perda de patrimônio. É isso que o planejamento sucessório evita. Ele
organiza a casa, protege a terra, dá direção para os herdeiros e garante
que o negócio continue dando resultado mesmo com as mudanças
inevitáveis que o tempo traz.
Hoje, cerca de 80% das fazendas no
Brasil são familiares. Mas menos de 15% têm um plano sucessório
estruturado. Você consegue imaginar o impacto disso? Quem já passou por
isso sabe: é muito melhor prevenir do que remediar.
Um bom
planejamento sucessório prepara os herdeiros aos poucos, define funções,
responsabilidades e insere as novas gerações no dia a dia da gestão sem
atropelos. E mais: evita o temido inventário, economiza em impostos,
fortalece a governança e evita conflitos que poderiam durar anos. Mas
ninguém faz isso sozinho. É aí que entram os especialistas: advogados,
contadores, consultores de gestão rural, engenheiros agrônomos, entre
outros.
Com as ferramentas certas, como testamentos, doações em
vida, holdings familiares e acordos societários, o processo fica muito
mais seguro, organizado e eficiente. Esse planejamento vai muito além da
herança. É uma estratégia empresarial de longo prazo.
O agro
está mudando — e rápido. Aquela figura do patriarca que não larga o
bastão e mantém os filhos longe da gestão já está ficando no passado. Os
jovens estão chegando com força total: querem se envolver, se
capacitar, trazer inovação, tecnologia e uma visão de futuro para o
campo.
E o planejamento sucessório é o caminho para que essa
transição aconteça da forma certa: com inteligência, segurança e
respeito ao legado de quem construiu tudo até aqui. Porque, no fim das
contas, não estamos falando sobre morte. Estamos falando sobre legado.
Se a gente planeja a próxima safra com tanto cuidado, por que não
planejar o futuro da nossa propriedade com a mesma atenção?
Cuidar
da sucessão é cuidar da continuidade da sua história. Não espere um
problema para agir. Não ache que é cedo demais. Porque, quando a gente
menos espera, o futuro vira presente. Sucessão não é fim. É o começo de
um novo capítulo. É futuro!
Cerca de 80% das fazendas no Brasil são familiares - Foto: Reprodução