Às margens da BR-101, no km 211, em uma região conhecida como Tingui,
pulsa o coração da Aldeia Karapotó Plaki-ô, onde um novo capítulo está
sendo moldado com barro, fogo e ancestralidade. Nessa terra de luta e
memória, no município de São Sebastião, no agreste alagoano, a cerâmica,
moldada pelas mãos das mulheres, das crianças e da história, volta a
florescer como símbolo vivo de resistência, pertencimento e esperança.
Em
meio à batalha contínua pelo reconhecimento territorial e à preservação
de sua identidade originária, o Governo de Alagoas celebra o
renascimento de uma tradição milenar com o projeto “A Identidade do Povo
Karapotó Plaki-ô”, realizado pela Secretaria de Estado da Cultura e
Economia Criativa (Secult), em parceria com a própria comunidade
indígena. A iniciativa reacende o saber ceramista como herança viva do
povo Karapotó e reforça o compromisso do Estado com a valorização da
diversidade cultural que molda as raízes alagoanas.
A ação ganhou forma com a construção de um forno tradicional de cerâmica no território indígena, símbolo da união entre o passado e o presente. Mais do que infraestrutura, o forno se tornou um espaço de memória afetiva e criação coletiva, onde técnicas ancestrais são repassadas, reinventadas e celebradas por todas as gerações.

“A força da cultura indígena é o que nos conecta com as raízes mais profundas da nossa história. Visitar a Aldeia Karapotó Plaki-ô foi uma experiência que tocou minha alma. Vi a arte brotar das mãos dos moradores, ouvi seus cantos, senti o calor do forno aceso com esperança e tradição. Garantir que essas vozes sejam ouvidas é o que nos move, que esses saberes sejam preservados, e que o povo Karapotó Plaki-ô tenha cada vez mais orgulho da sua identidade”, disse a secretária de Estado da Cultura e Economia Criativa, Mellina Freitas.
“Quando falamos em preservação cultural, não estamos apenas falando de arte, estamos falando de identidade. E a cultura Karapotó, com sua cerâmica rica em significado, nos ensina mais do que técnicas, ela nos ensina a fortalecer nossa alma como povo, a reconhecer e valorizar as raízes que nos tornam quem somos”, reforça a gestora.
Segundo o artista
plástico Roniekson Okobayevo, que atuou na orientação artística do
projeto, a cerâmica sempre foi uma linguagem sagrada para os Karapotó
Plaki-ô. Carregada de símbolos que representam o ciclo da vida, os rios,
os espíritos protetores e os caminhos ancestrais, cada peça é um
testemunho da memória coletiva da comunidade.
Contudo, o saber
ceramista esteve por muito tempo ameaçado de desaparecer. A falta de
incentivo, a ausência de repasse geracional e o avanço de outras
culturas sobre o território fragilizaram essa prática tão essencial. “A
cerâmica corria o risco de se tornar apenas lembrança. Era preciso agir,
ouvir as anciãs e despertar nos mais jovens o desejo de continuar essa
tradição”, conta Roniekson.
Foi nesse contexto que nasceu a proposta de construir o forno na aldeia, fruto de rodas de conversa, escutas e trabalho coletivo. Cada tijolo assentado foi testemunha de uma reconstrução afetiva.
“Falo com muito orgulho e muito prazer
sobre o meu povo, e também sobre o apoio que estamos recebendo hoje do
Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura. É muito importante
ver esse interesse em conhecer nosso passado, em valorizar o que os
nossos antepassados deixaram. Só tenho a agradecer esse grande apoio que
estamos recebendo, especialmente no resgate histórico do nosso povo,
através da cerâmica”, disse o Pajé Auro.
Forno aceso, futuro aquecido
As
oficinas, conduzidas por lideranças e artesãos da comunidade com apoio
técnico da Secult, se tornaram um espaço de cura e reencontro.
“Participei
da oficina e foi muito gratificante. Estou muito feliz e quero ensinar
às crianças, porque a gente não pode perder a nossa cultura. A gente
colocou a mão no barro, fez pote, panela, máscaras. Eu não fazia
cerâmica antes, mas graças a Deus aprendi, e hoje estou muito feliz por
estar ajudando a resgatar a cultura para as nossas crianças”, disse
Vandelita dos Santos, uma das participantes do projeto.
“É como
assistir a um sonho antigo ganhando forma diante dos nossos olhos, um
sonho moldado em barro, memória e resistência. Esse resgate não é só
cultural — é uma reafirmação de quem somos. Ele fortalece os laços, cura
feridas invisíveis e planta novas sementes de esperança”, afirma
Roniekson.
Vozes dos povos originários
A força desse renascimento cultural se conecta também a um chamado mais amplo por visibilidade e respeito.
“Neste
mês de abril, celebramos o mês dos povos indígenas. Tempo de erguer
nossas vozes e trazer à luz as histórias que habitam cada rio, cada mata
e cada quilômetro desta terra que é milenarmente nossa. Falo aqui com
orgulho de ser Karapotó com aquilo, de fazer parte de um povo que
resiste, que ensina e reconstrói. Que este mês seja um chamado para
todos ouvirem com o coração aberto as vozes dos povos originários,
porque estamos vivos, estamos presentes e somos parte fundamental da
história e do futuro do nosso país”, declara Mariana Marques, indígena
Karapotó Plaki-ô.
De olho no futuro
Com o
forno em funcionamento e as oficinas em andamento, a aldeia se
transforma em um polo de criatividade e resistência. As peças produzidas
pelos moradores estarão em exposição a partir do dia 22 de abril no
Museu Palácio Marechal Floriano Peixoto, em Maceió, representando não
apenas a beleza do artesanato indígena, mas também o renascimento de uma
identidade.
Além da visibilidade cultural, o projeto também abre
portas para a comercialização das peças, gerando renda para as famílias
e promovendo a economia criativa dentro da aldeia. “Cada peça vendida
carrega um pedaço da nossa história, do nosso povo, da nossa força”,
resume uma das ceramistas da comunidade.
Roniekson acredita em um
tempo em que a cerâmica estará presente no cotidiano da aldeia e além
dela, reconhecida como uma arte legítima do povo indígena brasileiro.
“Queremos que o barro siga contando nossas histórias, conectando passado
e futuro, e que nunca mais corra o risco de ser esquecido”, disse o
artista.
Memória
A força desse renascimento cultural se conecta também a um chamado mais amplo por visibilidade e respeito.
“Neste
mês de abril, celebramos o mês dos povos indígenas. Tempo de erguer
nossas vozes e trazer à luz as histórias que habitam cada rio, cada mata
e cada quilômetro desta terra que é milenarmente nossa. Falo aqui com
orgulho de ser Karapotó com aquilo, de fazer parte de um povo que
resiste, que ensina e reconstrói. Que este mês seja um chamado para
todos ouvirem com o coração aberto as vozes dos povos originários,
porque estamos vivos, estamos presentes e somos parte fundamental da
história e do futuro do nosso país”, declara Mariana Marques, indígena
Karapotó Plaki-ô.
De olho no futuro
Com o
forno em funcionamento e as oficinas em andamento, a aldeia se
transforma em um polo de criatividade e resistência. As peças produzidas
pelos moradores estarão em exposição a partir do dia 22 de abril no
Museu Palácio Marechal Floriano Peixoto, em Maceió, representando não
apenas a beleza do artesanato indígena, mas também o renascimento de uma
identidade.
Além da visibilidade cultural, o projeto também abre
portas para a comercialização das peças, gerando renda para as famílias
e promovendo a economia criativa dentro da aldeia. “Cada peça vendida
carrega um pedaço da nossa história, do nosso povo, da nossa força”,
resume uma das ceramistas da comunidade.
Roniekson acredita em um
tempo em que a cerâmica estará presente no cotidiano da aldeia e além
dela, reconhecida como uma arte legítima do povo indígena brasileiro.
“Queremos que o barro siga contando nossas histórias, conectando passado
e futuro, e que nunca mais corra o risco de ser esquecido”, disse o
artista.
Memória
Com a destruição de sua
aldeia Tinguí, os Karapotó foram forçados a viver sob a pressão dos
fazendeiros e a negarem suas origens, mas a chama da resistência
continuou acesa. Ao longo do século XX, com a união de diversas
comunidades indígenas e o apoio de organizações de direitos humanos, o
povo Karapotó finalmente obteve o reconhecimento de suas terras,
reconstituindo sua aldeia e retomando o controle sobre suas tradições.
Hoje,
os Karapotó seguem firmes em sua luta por justiça e pela preservação de
sua cultura, buscando reverter os danos causados pela colonização e
garantir que as gerações futuras possam manter viva a memória e os
valores de seu povo.
“O barro que molda nossa história também
molda nosso futuro. É nosso dever, como sociedade, garantir que a
cultura do povo Karapotó Plaki-ô floresça e se perpetue, para que as
próximas gerações possam se orgulhar de suas raízes, assim como nós nos
orgulhamos das nossas”, finaliza a secretária Mellina.