A falta de chuva no último verão, nos meses de outubro, novembro e
dezembro, aliada à estiagem nos três primeiros meses do ano de 2025,
ocasionaram uma falta de umidade para que a socaria da cana-de-açúcar
pudesse crescer. Fato que pode acarretar um atraso no começo da safra,
mas que aumentou o rendimento industrial de 12 à 15kg de ART a mais do
que o último ano, segundo o presidente da Sociedade dos Técnicos
Açucareiros e Alcooleiros – Regional Leste (Stab Leste), Cândido
Carnaúba.
“Provavelmente, as usinas que têm o costume ou a
prática de começar a safra no mês de agosto só vão começar em setembro. É
o caso da Usina Santo Antônio e da Usina Pindorama, por conta do
tamanho da cana. Mas, na realidade, a gente sabe que o bolso é quem
manda. Às vezes, está se precisando de recursos, e se colhe cana
pequena, porém com um prejuízo muito grande. O que a seca prejudicou os
nossos canaviais, em termos de produtividade, deu uma melhorada muito
grande na questão de rendimento industrial. É tanto que nós moemos um
milhão e poucas toneladas a menos, mas fizemos quase as mesmas toneladas
de ART por safra”, afirmou.
Cândido falou ainda de uma redução
de custos em relação ao ano passado. “Lógico que quando você colhe
menos, você transporta menos, você processa menos, você gasta menos
recursos. E o faturamento basicamente vai ser o mesmo”, declarou.
O
presidente da STAB-Leste afirmou que esse atraso inicial e a queda na
produtividade ainda podem ser resolvidos. “Isso pode ser sanado se nós
tivermos um verão chuvoso o ano que vem, ou esse ano. Se nós tivermos
outubro, novembro e dezembro com chuvas, a gente pode ter esse ‘gap’
(lacuna) de produção do que nós não tivemos na safra passada”, afirmou.
Apesar
de as expectativas positivas, a preocupação continua, principalmente
com a época de chuvas intensas. “A gente teve mais chuva em quatro dias
do que nos quatro meses [do ano]. A gente tem uma média muito baixa
acumulada até abril, de 250 a 300mm. Então, na realidade, isso é uma
preocupação. Agora, com a intensificação das chuvas, você tem uma
diminuição da insolação, da temperatura; logicamente o canavial não vai
ter esse desenvolvimento. Ele vai crescer pouco, porque ele precisa de
temperatura e luz para se desenvolver. Outro fator que prejudica
bastante é que essa chuva muito intensa – em poucos dias, choveu 400mm –
os nutrientes podem ser carreados e a planta não ter acesso a eles.
Porém, a chuva abasteceu o lençol freático, o subsolo. Se continuar
chovendo nos meses de junho e julho, as plantas, a partir do mês de
agosto, é que vão começar realmente a crescer”, explicou.
Segundo
Carnaúba, mesmo com todos esses fatores, a cana pode crescer dentro do
esperado para 2026, mas ainda é o clima que vai decidir. “Os meses que a
cana mais cresce são setembro e outubro. Isso por conta a insolação, da
quantidade de água que existe no subsolo, da temperatura. Se nós
tivéssemos um mês de novembro também com bastante água, talvez fosse o
mês que mais crescesse”, explicou.
Estiagem em Alagoas - Foto: Agência Brasil/Arquivo