A Cooperativa dos Agricultores Familiares e dos Empreendimentos
Solidários (Coopaiba), sediada em Piaçabuçu, na região do baixo São
Francisco alagoano, foi citada como exemplo nacional de cooperativismo
na reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), realizada
nesta quarta-feira (25), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva.
O reconhecimento ocorreu durante o anúncio do aumento
da mistura de biocombustíveis (etanol e biodiesel) nos combustíveis
fósseis — medida considerada estratégica para a política energética do
país.
Presente ao encontro como ministro interino dos
Transportes, George Santoro, que representou o titular da pasta, Renan
Filho, comemorou o reconhecimento. “Fiquei muito feliz em participar da
reunião e testemunhar a citação da Coopaiba como referência nacional. É
motivo de orgulho para todos nós, especialmente os alagoanos, ver uma
cooperativa do nosso estado ser destacada pelo impacto que gera na
economia e na inclusão social”, afirmou.
A Coopaiba integra o
programa de biodiesel em parceria com a Unicafes Alagoas (União Nacional
das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária),
entidade que tem atuado como articuladora do setor no estado. Além da
Coopaiba, participam da comercialização de matérias-primas para a
fabricação de biodiesel outras cooperativas alagoanas, como Capial,
Cooperagris, Cooperal, Carpil, Coopal, Coobapi, Pindorama, Coopaq e
Coopcaf.
Essas cooperativas representam milhares de famílias
agricultoras, do litoral norte, litoral sul, baixo são francisco, zona
da mata, sertão e do agreste, e vêm conseguindo, com apoio técnico e
institucional, acessar o mercado nacional de combustíveis sustentáveis —
um feito que poucos estados do Nordeste conseguiram até agora com
tamanha abrangência.
A diretoria da Unicafes-AL também celebrou o
momento. Em nota, a entidade parabenizou a Coopaiba “pelo trabalho
sério, comprometido e transformador que vem desenvolvendo em favor da
inclusão social e produtiva de agricultores familiares”. Para a
Unicafes, a citação feita na reunião presidencial é fruto de uma
trajetória construída com diálogo, planejamento e dedicação.
Mistura
O
reconhecimento do trabalho da Coopaiba e de suas parceiras ocorre em um
momento estratégico. A decisão do CNPE de aumentar a mistura do etanol
anidro na gasolina de 27% para 30% (E-30) e do biodiesel no diesel de
14% para 15% (B-15) é considerada um marco na agenda de transição
energética do país.
A medida, que entra em vigor gradualmente a
partir de 2025, deverá provocar um aumento significativo na demanda por
etanol e biodiesel. No caso do etanol, estima-se um acréscimo de 2,06
milhões de metros cúbicos no consumo, o que representa crescimento de
16,2% sobre a projeção atual. Já no caso do biodiesel, o aumento
fortalece a produção nacional e abre mais espaço para cooperativas
fornecedoras de insumos como soja, algodão, mamona e outras oleaginosas.
“O
biodiesel permite gerar oportunidades especialmente para pequenos
agricultores do semiárido nordestino. Um por cento de aumento de
biodiesel significa que vamos precisar esmagar mais 6 milhões de
toneladas de soja, que vão integrar em torno de mil famílias no
Nordeste, que vão ter acesso a esse mundo econômico que garante preços
justos ao produtor”, disse recentemente, durante visita a Alagoas, o
deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da frente
parlamentar do Biodiesel.
No caso do etanol, além do impacto
ambiental positivo, o Ministério de Minas e Energia projeta redução de
até R$ 0,13 no preço da gasolina, como efeito direto da nova política. O
aumento da mistura abre novas portas para Alagoas que é o maior
produtor de cana-de-açúcar do Norte e Nordeste.
Experiência alagoana
Durante
a reunião, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira,
destacou o papel do cooperativismo como instrumento de desenvolvimento
sustentável. Ao mencionar a Coopaiba como exemplo bem-sucedido de
inclusão produtiva, o ministro reforçou a importância da articulação
entre o governo federal, estados e organizações da sociedade civil para
consolidar uma política de transição energética que não exclua os
pequenos produtores.
Para George Santoro, que conhece de perto a
realidade das finanças públicas e do setor produtivo alagoano, o momento
é emblemático. “Ver Alagoas citada como modelo de cooperativismo e
biocombustíveis em um fórum nacional mostra que estamos no caminho
certo. É o resultado de um trabalho silencioso, mas consistente, que vem
sendo feito nos últimos anos”, disse.
Eduardo Oliveira,
gestor da Associação Sabor Artesanal - que também integra a Coopaiba -,
afirmou que Antonino Cardozo representou muito bem a cooperativa
“levando as nossas vivências, levando a nossa história para Brasília”, e
comemorou a decisão do Governo Federal. “O avanço do biodiesel é uma
conquista muito grande para a agricultura familiar, que vai trazer
vários benefícios para as associações e cooperativas, não só de Alagoas,
mas também do Brasil”.
O protagonismo da Coopaiba e de outras
cooperativas alagoanas no programa de biodiesel reforça a ideia de que
desenvolvimento e justiça social não são caminhos opostos. Ao contrário,
como mostra a experiência de Alagoas, é possível incluir socialmente e
ao mesmo tempo avançar para uma economia mais limpa e sustentável.
Com
articulação institucional, apoio técnico e políticas públicas
integradas, o cooperativismo alagoano ganha projeção nacional — e se
consolida como um dos pilares da nova política energética do Brasil.
- Foto: Divulgação
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