As equipes técnicas dos ministérios da Fazenda, Relações Exteriores e Indústria finalizaram um plano de contingência para mitigar os impactos econômicos da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
O
anúncio foi feito nesta quarta-feira (23) pelo ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, que confirmou que as propostas devem ser apresentadas
ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana.
De
acordo com Haddad, o plano foi estruturado com base em diretrizes
traçadas em conjunto com o vice-presidente e ministro da Indústria,
Geraldo Alckmin.
Antes de seguir
para apreciação de Lula, o documento será avaliado pelos ministros Mauro
Vieira (Relações Exteriores) e Rui Costa (Casa Civil).
A
iniciativa surge em um contexto de impasse diplomático. Apesar de o
governo brasileiro buscar um entendimento direto com Washington, Haddad
reconheceu dificuldades no diálogo com a gestão de Joe Biden.
“Estamos
em contato com a equipe técnica da Secretaria do Tesouro dos EUA, mas
não com o secretário. Há um bloqueio evidente na Casa Branca”, afirmou.
Mesmo
com o cenário adverso, o ministro demonstrou otimismo, destacando
recentes avanços em acordos com países asiáticos e na relação entre
Estados Unidos e União Europeia. “Podemos ter um aceno positivo até 1º
de agosto, mas é preciso que os dois lados estejam dispostos a negociar.
O Brasil permanece à mesa”, garantiu.
Mobilização regional
Haddad
também comentou o apoio oferecido por governadores, como o de São
Paulo, Tarcísio de Freitas, que anunciou uma linha de crédito de R$ 200
milhões para socorrer empresas prejudicadas. Embora tenha considerado a
medida importante, o ministro alertou para a limitação do alcance diante
da magnitude do impacto: “Estamos falando de uma perda potencial de US$
40 bilhões em exportações. Ajuda estadual é bem-vinda, mas insuficiente
sozinha.”
Por fim, Haddad avaliou positivamente a mudança de
postura dos governadores frente à crise. “É essencial que eles
compreendam que não se trata de uma disputa partidária, mas de uma
questão de soberania econômica. É hora de união em defesa do país.”
O
plano de contingência será submetido à decisão final do presidente
Lula, que poderá autorizar medidas emergenciais caso as negociações
diplomáticas continuem travadas.