A decisão já está tomada, ainda que não
tenha sido oficialmente anunciada. O prefeito de Maceió, João Henrique
Caldas (JHC), vai permanecer no cargo até o fim do mandato, descartando
salvo fato novo qualquer candidatura nas eleições de 2026.
Antes de fechar o “acordo”, JHC antecipou sua decisão diretamente ao vice-prefeito Rodrigo Cunha.
Interlocutores
confirmam que JHC conversou com o vice-prefeito Rodrigo Cunha e lhe
comunicou pessoalmente a decisão de não se desincompatibilizar em abril
do próximo ano.
O “gesto”, segundo esses interlocutores, teria
sido decisivo para viabilizar a indicação da tia do prefeito, Marluce
Caldas, para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ), pelo
presidente da República.
Ainda de
acordo com fontes ligadas à negociação, o acordo que selou a permanência
de JHC no cargo envolveria, além de Lula, o ministro Renan Filho
(Transportes), o senador Renan Calheiros (MDB-AL), a ministra das
Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o presidente da Câmara dos
Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Trata-se de um entendimento político amplo, que reúne forças até então consideradas antagônicas no tabuleiro local.
JHC,
segundo relatos, teria expressado sua vontade inicial de disputar o
Senado Federal em 2026, desejo que era compartilhado com os Calheiros.
No
entanto, essa possibilidade contrariava diretamente os planos de Arthur
Lira. Posto entre duas opções — disputar o governo do Estado com risco
de “perder tudo” ou permanecer na Prefeitura —, JHC escolheu a segunda,
considerada menos arriscada politicamente.
Ao informar a Rodrigo
Cunha sobre sua decisão, JHC reafirmou o compromisso de apoiá-lo como
seu candidato à sucessão. Ainda que não possa assumir o cargo antes do
fim da atual gestão, o vice-prefeito continuará sendo preparado para
disputar a prefeitura em 2026 com o apoio do grupo de JHC.
A
presença de Rodrigo Cunha ao lado de JHC no ato em que o presidente Lula
oficializou a indicação de Marluce Caldas ao STJ foi interpretada por
observadores atentos como uma sinalização clara de que o vice já estava a
par dos novos rumos políticos.
Ex-senador e hoje vice-prefeito,
Cunha alimentava a expectativa de assumir a Prefeitura em 2026 por meio
da desincompatibilização antecipada do titular. O novo cenário, porém,
altera a rota, mas não o destino.
O
jogo político em Alagoas, como se vê, continua sendo decidido de forma
antecipada nos bastidores por arranjos que envolvem figuras centrais da
República.
Neste novo capítulo, JHC adia projetos maiores. Mas
terá como contrapartida a possibilidade de eleger o pai ou a esposa em
2026 e de se preparar para novos projetos políticos no futuro. Mas essa é
outra história.