Integrantes do governo federal e do Supremo Tribunal Federal (STF)
avaliam como concreta a possibilidade de o ex-presidente dos Estados
Unidos Donald Trump ampliar sanções contra o Brasil durante o julgamento
de Jair Bolsonaro, previsto para setembro, por tentativa de golpe de
Estado.
Desde a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros até
sanções já impostas ao ministro Alexandre de Moraes com base na Lei
Magnitsky, a justificativa apresentada por Trump é de que Bolsonaro
estaria sendo alvo de perseguição política pelo Judiciário brasileiro.
No
STF e no Planalto, o temor é que novas medidas incluam restrições a
outros ministros, congelamento de bens no exterior e pressões sobre
bancos que operam em dólar. Embora poucos magistrados tenham patrimônio
nos EUA, o impacto político é considerado relevante.
Na última
terça-feira (19), o ministro Flávio Dino determinou que ordens
estrangeiras só terão validade no Brasil após confirmação do STF, em
resposta às sanções impostas por Trump. O gesto elevou a tensão nos
mercados: o dólar subiu e ações de bancos recuaram.
A ministra
Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) responsabilizou Bolsonaro e
Trump pela instabilidade, mas membros do governo reconhecem a
preocupação com possíveis retaliações adicionais do Tesouro
norte-americano.
Sem espaço para interferência nas decisões do
Supremo, o Planalto adota discurso de defesa da soberania nacional,
enquanto a crise tende a manter o clima de incerteza nas relações entre
Brasil e EUA nos próximos meses.
Com agências.