Dois meses após a Petrobras anunciar uma
redução de 5,6% no preço da gasolina para as distribuidoras — o
equivalente a cerca de R$ 0,20 por litro posto no Porto de Maceió — o
consumidor alagoano ainda não viu qualquer reflexo na bomba. Ao
contrário do esperado, o preço médio do combustível em Alagoas permanece
praticamente o mesmo. Em alguns casos, até subiu.
Levantamento
da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)
mostra que, na semana de 1º a 7 de junho, logo após o anúncio da
Petrobras, o preço médio da gasolina comum no estado era de R$ 6,24. Já
na semana de 27 de julho a 2 de agosto, o valor médio ficou praticamente
igual em R$ 6,35 — uma queda de apenas um centavo, ante 20 de redução
da Petrobras.
Confira abaixo os dados comparativos de preços por município:
| Município | Preço Médio em Junho | Preço Médio em Agosto |
| --------------------- | -------------------- | --------------------- |
| Maceió | R\$ 6,34 | R\$ 6,35 |
| Arapiraca | R\$ 6,22 | R\$ 6,29 |
| São Miguel dos Campos | R\$ 5,82 | R\$ 5,79 |
| União dos Palmares | R\$ 6,39 | R\$ 6,39 |
| Palmeira dos Índios | R\$ 6,25 | R\$ 6,24 |
| Santana do Ipanema | R\$ 6,32 | R\$ 6,37 |
*Fonte: ANP – preços médios semanais de 01 a 07/06/2025 e de 27/07 a 02/08/2025*
Composição
Segundo
dados da própria Petrobras, a parcela da estatal no preço final da
gasolina foi reduzida em junho para R$ 2,01 por litro, representando
31,7% do total. Todos os demais componentes mantiveram-se estáveis: o
ICMS continua em R$ 1,47 (23,1%), o custo do etanol anidro em R$
0,79(12,4%), e os impostos federais em R$ 0,70(11,1%).
Na
contramão da redução de custos nas refinarias, a fatia relativa à
distribuição e revenda aumentou para R$ 1,39 — mais de 21% do valor
final ao consumidor. Em vez de repassar o desconto, os postos e
revendedores optaram por ampliar suas margens.
Outro fator que
chama atenção é que o preço da gasolina em Alagoas figura entre os mais
altos do país. Em estados vizinhos, como Pernambuco e Paraíba, o preço
médio está abaixo de R$ 6,00. Em Alagoas, o valor médio é de R$ 6,23,
supera a média nacional e se posicionando entre os mais caros do
Nordeste.
A falta de ação dos órgãos de fiscalização, especialmente do Procon estadual, contribui para a demora no repasse da queda de preços pelos revendedodres. Até o momento, nenhuma operação foi anunciada para verificar por que a redução da Petrobras não chegou às bombas. O silêncio das autoridades reforça a sensação de impunidade e conivência com práticas que penalizam o consumidor.
Gritante
Além
disso, a diferença de preços entre municípios é difícil de justificar.
Em São Miguel dos Campos, o litro da gasolina é vendido, em média, a R$
5,79. Já em Maceió, cidade portuária e principal ponto de entrada do
combustível no estado, o preço médio é de R$ 6,34. Uma diferença de R$
0,56 por litro, mesmo com um trajeto adicional de 60 km até o interior.
Sem
transparência na formação dos preços e sem fiscalização ativa, os
consumidores de Alagoas seguem reféns de uma cadeia que parece
organizada para preservar margens de lucro às custas da população.
Enquanto a Petrobras reduz, os postos resistem — e quem abastece é quem
paga a conta.
Fique por dentro
Petrobras anuncia redução de 5,6% no preço da gasolina entregue às distribuidoras
