O Indicador Cepea/CNA destaca que o mês julho foi marcado por
oscilações nos preços do feijão, com predominância de quedas em grande
parte das regiões acompanhadas pelo marcador.
De acordo com os
dados, o avanço da colheita da terceira safra e a oferta acumulada do
ciclo 2024/25 contribuíram para manter o mercado abastecido,
pressionando os valores mesmo para lotes de boa qualidade. Apesar disso,
a seletividade dos compradores e a preferência por grãos com coloração
superior mantiveram certa firmeza pontual nos preços, especialmente nos
feijões de nota 9.
Ainda assim, em praticamente todas as praças,
os preços médios atuais seguem abaixo das médias acumuladas desde
setembro de 2024, sinalizando margens comprimidas para os produtores.
No
período de 24 de julho a 1º de agosto, entre os feijões carioca de
melhor qualidade (nota 9), o mercado absorveu os volumes da terceira
safra com preferência por lotes claros e de peneira superior. No
entanto, a postura mais cautelosa dos compradores manteve a pressão
sobre os valores em diversas praças.
Feijão carioca
Os preços caíram 1,75% no Centro/Noroeste de Goiás (R$ 214,61/sc),
2,38% no Leste Goiano (R$ 208,14/sc), 0,57% em Belo Horizonte (R$
218,75/sc), 2,89% no Noroeste mineiro (R$ 219,00/sc) e 2,14% no
Triângulo Mineiro (R$ 213,33/sc). As exceções foram Itapeva (SP), com
alta de 1,18% (R$ 243,55/sc), e o Sul Goiano, com leve avanço de 2,63%
(R$ 214,00/sc). Mesmo nas regiões com valorização, os preços continuam
abaixo da média acumulada desde setembro.
Entre os feijões
comerciais (notas 8 e 8,5), o cenário também foi de retração, ainda que
com alguma demanda por lotes novos e de melhor aparência. O Triângulo
Mineiro registrou a maior queda na semana, de -6,77%, com a saca cotada a
R$ 189,57. Em Itapeva, a retração foi de 3,86% (R$ 193,61/sc), e na
Metade Sul do Paraná, de 2,63% (R$ 161,01/sc).
Já Curitiba
apresentou leve alta de 0,66% (R$ 169,79/sc). Ainda assim, os preços
seguem distantes das médias acumuladas desde setembro, como no Triângulo
Mineiro (R$ 197,83) e na Metade Sul do Paraná (R$ 191,24), sinalizando
que a recuperação do mercado ainda é parcial.
Feijão preto
No
mercado do feijão preto tipo 1, a comercialização continuou lenta no
final de julho. A resistência dos produtores em vender os melhores lotes
nos patamares atuais e a utilização de estoques antigos pelas
indústrias têm limitado os negócios. Em Curitiba (PR), o preço caiu
0,64% (R$ 131,56/sc), enquanto na Metade Sul houve estabilidade com leve
alta de 0,06% (R$ 126,56/sc). No Nordeste do Rio Grande do Sul, a
valorização foi de 2,52% (R$ 145/sc). Ainda assim, os preços seguem bem
abaixo das médias históricas, refletindo um mercado fragilizado para o
feijão preto.
O assessor técnico da CNA, Tiago Pereira, afirma que julho confirmou a dificuldade de recuperação mais firme dos preços.
“Mesmo
com a entrada de lotes de qualidade superior, o mercado segue operando
abaixo da média histórica. A seletividade dos compradores persiste e os
preços atuais, especialmente para os grãos comerciais, ainda não
refletem uma recomposição adequada das margens do produtor. A
expectativa segue concentrada no ritmo da colheita e na qualidade dos
lotes da terceira safra,” afirmou.