O debate sobre o tratamento da obesidade, especialmente em crianças e
adolescentes, ganha novos contornos com as declarações de especialistas
da área médica. Embora medicamentos e cirurgias bariátricas estejam se
tornando cada vez mais populares, esses métodos não devem ser vistos
como soluções definitivas para o problema, ressaltou Durval Damiani,
chefe da Endocrinologia Pediátrica do ICr-HC-FMUSP, no CNN Sinais
Vitais.
Damiani explica que, apesar de os medicamentos terem sua
importância no tratamento, eles são apenas auxiliares no processo de
mudança comportamental. "O medicamento não resolve a obesidade. Se no
momento que você para de tomar o medicamento, você volta ao seu padrão
anterior de alimentação, você ganha tudo de novo", ressalta.
Pioneirismo em cirurgia bariátrica
O
Instituto da Criança foi pioneiro em cirurgias bariátricas para
adolescentes, iniciando os procedimentos em 2007. O primeiro caso foi de
uma adolescente de 15 anos que pesava 208 quilos. Após nove meses de
internação e perda de 70 quilos, a paciente ganhou 10 quilos no primeiro
mês em casa, demonstrando a complexidade do tratamento da obesidade.
A
experiência com casos graves levou à formação de um grupo significativo
de cirurgia bariátrica no instituto. No entanto, Damiani enfatiza que a
verdadeira solução para a obesidade está na prevenção precoce e na
conscientização sobre o problema.
Com o avanço das medicações
disponíveis, existe uma perspectiva de redução na necessidade de
cirurgias bariátricas. "Eu vejo que o grande progresso da medicina será o
dia em que a gente não faça mais cirurgia bariátrica", afirma Damiani,
que aposta no desenvolvimento de terapias genéticas e imunológicas como
alternativas menos invasivas para o tratamento da obesidade.
Roberto Kalil Filho - Foto: Egberto Nogueira/Ímãfotogaleria
Tags
Alagoas