O jogo está sendo jogado na política
alagoana como nunca. E não dá para saber quem vai até o final, afinal a
partida está apenas no começo. Nessa fase, pode tudo. De movimentos
reais a puro blefe. Poucos tem de fato poder de fogo para ir até o fim
da disputa, independente de resultados – seja para ganhar ou perder.
No
primeiro escalão da política, quatro ou cinco nomes podem brigar por
três vagas: duas de senador e uma de governador. A de vice pode ser um
prêmio de consolação. A de suplente, vide Renan Filho, pode virar prêmio
de realização.
Considerando os números das pesquisas e o
controle de bases na capital e interior, quatro ou cinco nomes podem
entrar na briga pelas vagas mais desejadas da política alagoana. Um só
tem a ganhar. Outro só terá a perder.
No cenário atual, o senador
Renan Calheiros é considerado a favorito para a reeleição no próximo
ano. Ele entra na disputa para manter seu próprio espaço e avança como
nunca, em todos flancos, para consolidar a vitória.
O ministro Renan Filho lidera as
sondagens para o governo e será candidato com o apoio de Paulo Dantas,
da Assembleia Legislativa e mais de 90% dos prefeitos (mesma condição de
Renan Calheiros). Ele entra para a disputa na melhor situação. Tem mais
quatro anos de Senado pela frente e pode disputar a eleição sem medo de
perder.
O ex-deputado estadual Davi Davino Filho não tem nada a
perder. Sem mandato, mas dono de grande popularidade e pontuando bem nas
pesquisas, o risco que tem é ganhar. E não será um nome a ser
desprezado. Ele já mostrou que sabe fazer campanha majoritária como
poucos. Independente de resultados, saiu maior da disputa pela
prefeitura de Maceió e pelo Senado.
Dois dos nomes da primeira divisão, no
entanto, tem o que perder. E não é pouco. Arthur Lira e JHC precisam
calibrar a mirar para não correr o risco de errar no alvo.
Se for
para o governo, JHC terá de entregar a prefeitura a Rodrigo Cunha e
encarar Renan Filho. Em qualquer cenário, será uma disputa muito dura.
Na leitura de hoje, o ministro teria maiores chances de vitória. E um
resultado como esse deixaria JHC exposto, sem mandato.
Arthur
Lira vive situação parecida. Teria hoje uma reeleição fácil para a
Câmara dos Deputados, mas deve ir para o Senado. Para ele, o cenário
mais confortável seria uma disputa tendo apenas Renan Calheiros como
candidato competitivo. Mas Lira corre o risco de encarar não só Davi
Davino Filho, que tem condições de decolar num ‘voo solo’. Existem ainda
outras ‘ameaças’, a exemplo de uma eventual (mas ainda pouco provável)
candidata de Alfredo Gaspar de Mendonça. Nada, no entanto, se compararia
a uma candidatura de JHC ao Senado. Nessa condição, o prefeito seria
favorito e iria entrar em campo para manter uma vaga que já é dele, a da
mãe, Eudócia Caldas.
É um jogo em que pelo menos um dos jogadores da primeira divisão pode ir para o tudo ou nada. Arthur Lira? JHC? O prefeito pode encarar Renan Filho e correr o risco de ficar sem mandato ou tentar o Senado e virar uma ameaça aos planos de Arthur Lira. Qual dos dois vai até o fim? Quem se habilita?
