Com as eleições para presidente da República se configurando novamente numa disputa entre o atual mandatário Jair Bolsonaro (PL) e o Partido dos Trabalhadores, que terá como candidato o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os personagens políticos vão se articulando e ganhando força no cenário eleitoral.
Um dos
principais articuladores é o senador por Alagoas, Renan Calheiros
(MDB). Ele tem dito que vai lutar para que o Senado seja um contraponto à
Câmara, que, em sua visão, teria se tornado bolsonarista sob o comando
de Arthur Lira (PP-AL). Sua articulação em prol de Lula visa garantir
poder na disputa que será travada no início de 2023, na renovação das
direções da Câmara e do Senado.
O senador alagoano diz que não
gostaria de ser de novo presidente do Senado, mas afirmou, em entrevista
à revista VEJA que gostaria de ajudar Lula na articulação de seu
governo, caso o petista seja eleito, o que poderia fazer também com um
cargo de ministro. Quando questionado se gostaria de comandar um
ministério, Renan desconversa, mas esse parece ser, por ora, o plano.
A única coisa certa é que o senador alagoano, se Lula vencer a eleição, estará de novo no centro do poder.
Momento atual
Com
Jair Bolsonaro (PL) na Presidência, Renan foi parar na oposição e
desistiu de uma quinta eleição para a presidência do Senado por falta de
perspectiva de vitória, mas continuou protagonista como relator da CPI
da Pandemia.
Agora, se prepara para voltar ao centro do poder,
desta vez de mãos dadas com Lula, de quem já foi aliado durante os anos
do petismo no poder e, mesmo votando a favor do impeachment de Dilma
Rousseff, mas como presidente do Senado articulou para preservar os
direitos políticos da ex-presidente.
Renan tem atuado nos
bastidores para atrair apoios para a candidatura de Lula. Defensor
entusiasmado da candidatura do petista, já procurou o ex-presidente
Michel Temer e o ex-ministro Gilberto Kassab para tentar arrastar o MDB e
o PSD para a aliança em torno de Lula ainda no primeiro turno.
Em
paralelo à macropolítica, ele trava uma disputa particular com seu
adversário político em terras alagoanas, o presidente da Câmara, com
relação as eleições indiretas para governador tampão, realizadas neste
domingo (15), e que culminou com a vitória do emedebista Paulo Dantas,
representando uma vitória para os Calheiros .
O cargo para
governador havia ficado vago desde que Renan Filho (MDB) renunciou para
disputar o Senado. Ele é favorito disparado para se juntar ao pai nem
2023.
O grupo de Lira foi à Justiça, junto com o PSB, do atual
prefeito da capital alagoana, JHC, para barrar a eleição alegando
irregularidades no processo e conseguiu uma liminar no Supremo Tribunal
Federal adiando a votação. Renan diz que o único objetivo de Lira é
atrasar a posse de Dantas, que a partir de julho, por conta da lei
eleitoral, não poderá inaugurar obras feitas na gestão de Renan Filho.
Percurso
Renan
Calheiros conhece os atalhos do poder em Brasília. Aos 34 anos, ele já
era um dos principais articuladores da candidatura de Fernando Collor de
Mello, que fez do ex-governador alagoano o primeiro presidente eleito
pelo voto direto após o fim da ditadura militar.
Já deputado
federal de segundo mandato, tornou-se líder de Collor na Câmara dos
Deputados e foi um dos articuladores da aprovação do pacote de medidas
conhecido como Plano Collor. Rompeu e deixou o governo em 1990 após ser
derrotado na eleição para o governo de Alagoas.
Em 1994, já no
MDB conquistou o primeiro dos seus quatro mandatos de senador. No
Senado, foi o presidente também por quatro vezes, o que fez dele um dos
principais caciques de Brasília. Nesse período, ainda foi ministro da
Justiça do governo FHC entre 1998 e 1999.
Com informações da Revista Veja