TSE remove 334 postagens bolsonaristas contra Lula e 10 do PT contra o presidente Por UOL 22/10/2022 14h02
byJornal digital.-
0
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a retirada
de pelo menos 352 postagens a pedido das campanhas à Presidência. A
grande maioria dos conteúdos apagados beneficiou o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT). Foram suprimidos 334 links da campanha de
Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. Já o presidente da República
conseguiu remover apenas dez. As demais postagens retiradas beneficiaram
os candidatos derrotados no primeiro turno Ciro Gomes (PDT) e Simone
Tebet (MDB).
Desde o início da campanha eleitoral, o TSE emitiu
53 decisões de retirada de informação que considerou falsa ou ofensiva a
algum candidato à Presidência. Na última semana, foram dez despachos.
No dia 19, em apenas duas decisões o Tribunal atendeu a pedido do
petista e concedeu direito de resposta em 164 inserções de 30 segundos
da propaganda eleitoral de Bolsonaro para rebater ataques - decisão que
acabou suspensa na noite desta quinta-feira, 20.
O atual chefe do
Executivo, por sua vez, conquistou apenas 14 inserções de 30 segundos
no programa petista. As decisões foram dadas pelos ministros Paulo Tarso
Sanseverino e Maria Claudia Bucchianeri para que os candidatos tenham a
possibilidade de se defender de acusações tidas por eles como
infundadas e caluniosas, como as de que Lula seria "ladrão" e Bolsonaro
"canibal".
Como mostrou o Estadão, a Corte havia determinado até o
último dia 10 a exclusão de ao menos 334 publicações tidas como
notícias falsas pelos ministros que compõem o colegiado. Até aquele
momento eram 43 decisões. A Corte soma agora 53 ordens de retirada de
informação supostamente falsas do ar. Essas decisões marcam o
endurecimento do TSE na remoção de conteúdos das propagandas eleitorais e
na concessão de direitos de respostas aos candidatos que concorrem à
Presidência da República.
Equipes jurídicas
A
disparidade entre o número de posts removidos pelo TSE a pedido de cada
candidato está ligada à atuação dos escritórios jurídicos contratados
pelas campanhas. Advogados do PT intensificaram a atuação na Corte
eleitoral. Integrantes do núcleo jurídico de Bolsonaro alegam em
conversas reservadas que há uma orientação de não judicializar todos os
fatos da campanha para não arranhar o discurso de defesa irrestrita da
liberdade de expressão encampado pelo atual governo. Bolsonaro argumenta
que seus advogados só devem recorrer à Corte quando houver ataques
claros à sua honra.
Estes fatores levam a campanha de Lula a
acumular quase sete vezes mais vitórias do que a de Bolsonaro no TSE.
Até o momento, a coligação petista conseguiu da Corte Eleitoral 40
decisões com direito de resposta, remoção de propaganda eleitoral
irregular ou exclusão de publicações das redes sociais. Já Bolsonaro
conta com apenas seis decisões favoráveis da Corte.
Numa decisão
em que foram removidas 18 publicações do Facebook, a pedido de Lula, a
ministra Maria Claudia Bucchineri julgou que usuários da plataforma
divulgaram conteúdos "fraudulentos" contra o ex-presidente ao distorcer
suas declarações para fazer crer que ele teria dito que venceria as
eleições com a ajuda de 'Pai Xangô', numa exploração de preconceitos
religiosos.
Bolsonaro, embora fique atrás do seu adversário no
número de decisões recebidas do TSE, tem tido vitórias estratégicas.
Além da suspensão de decisão anterior, na quinta-feira, sobre as 164
inserções, na última semana, o presidente obteve uma liminar da ministra
Maria Claudia Bucchianeri que autorizou a proibição do impulsionamento
pago de propaganda do Lula com ataques ao presidente. A peça
publicitária do PT dizia aos eleitores que Bolsonaro acusa o
ex-presidente de coisas que ele próprio faz, como defender o aborto,
ajudar a fortalecer o crime organizado e praticar corrupção. Segundo a
ministra, a campanha petista feriu as regras de impulsionamento de
conteúdo ao pagar as plataformas para desferir ataques contra o
adversário, o que é proibido pela Lei das Eleições.
Liberdade de expressão
Como
mostrou o Estadão, algumas decisões do TSE contendo ordens de remoção
de conteúdo têm sido questionadas por entidades da sociedade civil por
intervir excessivamente na seara política e na liberdade de expressão.
Recentemente, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação
Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) condenaram a decisão da
Corte que determinou a retirada de 31 publicações associando o candidato
do PT ao presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, acusado por
organizações não-governamentais (ONGs) nacionais e estrangeiras de
violar os direitos humanos. Na lista das remoções está um post do jornal
paranaense Gazeta do Povo.
O poder de intervenção do TSE ainda
deve aumentar até o fim da disputa eleitoral no próximo dia 30 de
outubro. Nesta quinta-feira, os ministros aprovaram, por unanimidade,
resolução que autoriza o presidente do da Corte, Alexandre de Moraes, a
ampliar o rol de publicações tidas como falsas que devem ser removidas
das redes sociais após decisão do colegiado. A medida permite que Moraes
atue individualmente para excluir postagens consideradas
desinformativas pelos ministros. Por exemplo: se um vídeo classificado
como inverídico pelo plenário da Corte estiver no Twitter, Moraes poderá
determinar ao Facebook que o apague também sem necessidade de um novo
processo.
A resolução aprovada pela unanimidade dos ministros da
Corte estabelece ainda que as plataformas digitais terão até duas horas
para suprimir os conteúdos considerados falsos. No dia 30, esse prazo é
ainda menor: as plataformas terão que apagar as postagens em no máximo
uma hora. Tribunal Superior Eleitoral (TSE). - Foto: Reprodução | Internet