O impasse no transporte
público de Rio Largo e região se arrasta por mais de um mês, desde que a
Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas (Arsal)
passou a apreender os ônibus que ligam o município à capital, Maceió,
por não ter condições plenas de atender a população.
As linhas
então, foram assumidas pela Expresso Santo Antônio, porém, uma decisão
da Justiça suspendeu a operação da empresa, que realiza o serviço de
transporte intermunicipal de passageiros.
Em meio ao imbróglio
judicial, o povo. Desde o início da fiscalização, ainda em dezembro,
moradores da região reclamam de dificuldades para ir e voltar ao
trabalho e outras atividades que necessitam fazer em Maceió.
Durante
a tarde desta quarta-feira (18), moradores do Cruzeiro do Sul entraram
em contato com Jornal de Alagoas para denunciar a ausência de transporte
público.
Dayana Lemos, estudante de Jornalismo da Ufal,
argumentou que desde o ano de 2022, as empresas estão rodando em
horários limitados. "Todo dia tem transtorno, ou o ônibus que não
passa, ou quando passa é apreendido pela Arsal no caminho". Ela reclama
também que a Arsal realiza a apreensão dos ônibus durante o trajeto,
prejudicando os passageiros. "Deviam apreender ainda na garagem",
argumenta.
Segundo ela, a frota da Veleiro está rodando com o número de coletivos reduzidos o que acaba gerando um "caos", diz.
O
preço da passagem é outro empecilho para quem diariamente precisa do
transporte público para se locomover. Hoje, a Expresso Santo Antônio,
empresa que "cobre" o desfalque da Veleiro, cobra R$ 6,00 na passagem e
não aceita os cartões de embarque que garantem desconto na tarifa a
estudantes, idosos, como o Bem Legal e o Vamu, da prefeitura de Maceió.
"O
meu ônibus é Cruzeiro do Sul/Centro e custa R$5,75, na Santo Antônio o
Antônio Lins/Centro R$6,00", conta a estudante, que está tendo
dificuldades para administrar o valor da passagem, uma vez que seu
cartão de embarque não é aceito. Ela diz que se quiser usar o cartão,
tem que esperar o ônibus da Veleiro, causando atrasos em sua ida ao
trabalho e faculdade.
Joezia Rodrigues, gerente administrativa
de uma empresa localizada no Jaraguá, parte baixa de Maceió, também
convive com as mesmas dificuldades da estudante: "Os ônibus estão sendo
recolhidos e rodam em horário limitado. São menos ônibus pra toda a
região de Rio Largo e Cruzeiro, e pelo que eu percebi, são apenas dois
ônibus rodando, que é o Santo Antônio e com horários limitados, o último
ônibus pro centro sai às 7 horas".
Sem linhas em seu trajeto na
horário que retorna para casa após o trabalho, a gerente
administrativa, conta que as mudanças estão pesando em seu bolso. "Com
certeza estou gastando mais. A passagem é 6 reais, o que dá 12 reais por
dia. Se eu pegar uma van esse aumento sobe para 16 reais e se eu
precisar pegar um transporte por aplicativo, fica ainda maior. Esse
custo está pesando no orçamento da minha família", lamenta.
Vereadores tentam agir
As
reclamação não são só apenas dos moradores, mas também de vereadores do
município, a exemplo, Romildo Calheiros (PDT), que através da redes
sociais se manifestou contrario a decisão da justiça, que concedeu
decisão favorável a Veleiro para retirar das ruas a empresa ônibus da
Santo Antônio de Circulação que estaria dando suporte.
Em
entrevista ao Jornal de Alagoas, o vereador de Rio Largo, Daniel Pontes
(PCdoB), afirma ter conhecimento do caso e diz que logo quando assumiu a
gestão formou junto a seus pares uma comissão para analisar o caso.
"Formamos
uma comissão e fomos ao Ministério Público Estadual, e lá ficou na
pauta do Ministério interver na situação e resolver, devido a
precariedade que são os serviços da Veleiro em Rio Largo", relata o
vereador. Daniel ainda argumentou sobre a questão da qualidade do
transporte e do horário que não se respeita dentro do município.
O vereador não obteve respostas efetivas. "Disseram apenas que isso vai ser solucionados. Isso já faz décadas".
Segundo
ele, desde que a antiga empresa Aviação Rio Largo saiu do município,
nenhuma outra entregou transporte público de qualidade para a população e
as novas empresas "já assumiram com os ônibus velhos".
"O
trabalhador de Rio Largo sai do município e não consegue chegar a Maceió
para trabalhar, que o ônibus quebra tanto no caminho para ir, quanto no
caminho para voltar". O parlamentar relembra que já tentaram de tudo,
até discurso na Câmara, "é realmente uma situação difícil", completou.
Respostas
O
Jornal de Alagoas entrou em contato com a Arsal e com o Ministério
Público Estadual para saber as tratativas tomadas pelas entidades para
que a população tenham os serviços de transporte plenamente
reestabelecidos. Ainda não obtivemos resposta. O espaço está aberto para
atualizações.
*Estagiária sob supervisão