A Braskem avisou ao MPF (Ministério Público Federal) que
não havia nenhum processo de afundamento em curso em uma de suas minas
de Maceió, falou a procuradora da República, Roberta Bomfim, ao ser
questionada pelo colunista do UOL Leonardo Sakamoto se a empresa só passou a monitorar as minas após contato do MPF, durante o UOL News desta segunda-feira (4).
"Nos
primeiros contatos que tivemos com a empresa, eles afirmavam que não
tinha nenhum processo de afundamento em curso, que os estudos
topográficos não indicavam [isso]. Assim também os demais órgãos",
Roberta Bomfim, procuradora da República (MPF-AL).
A procuradora
reforça que não existia informação suficiente nem pela Braskem nem pelos
órgãos públicos que acompanhavam a situação das 35 minas da empresa na
capital alagoana. O cenário mudou após estudo feito depois de tremores
em 2019.
"Somente com esses estudos que a CPRM (Serviço Geológico do Brasil)
produziu, notadamente, um estudo chamado 'interferometria', que é a
medição via satélite do solo. Foi [então] que se percebeu que havia esse
processo de afundamento e na verdade era mais grave do que estava
evidenciado", diz Roberta.
Ela embra que os tremores ocorreram em
março de 2019 e que apenas uma região teve foco, quando o estudo com
ajuda de satélite mostrou a dimensão real do problema que levou ao
desastre de hoje com 1,8 metro de afundamento de solo em cinco dias.
"Quando
os tremores aconteceram em março de 2019, houve uma região de
quebramento em cima, no Pinheiro, e todo mundo passou a olhar somente
para aquele lugar. Com esse estudo de interferometria, que a gente
considera um grande divisor de águas em todo esse processo, foi o que
foi possível compreender na sua integralidade o que estava acontecendo",
afirmou a procuradora
"Existia um movimento muito maior e que
aquele quebramento na região do Pinheiro era uma consequência desse
afundamento que acontecia na região central do Mutange, que é hoje onde a
gente está vivendo essa situação de alerta".
