Cooperativismo agro cresce e se firma como pilar da economia brasileira - Foto: Reprodução
O cooperativismo cresceu muito no Brasil nos últimos anos, mas ainda
está longe de atingir os indicadores dos países mais desenvolvidos, onde
40% da população estão ligados a cooperativas.
De acordo com
Acir Gurgacz, que presidiu o 13º seminário do ciclo de palestras da
Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), em Ji-Paraná (RO), o
estado do Paraná é um exemplo de sucesso das cooperativas agrárias, que
são responsáveis por 56% da economia agrícola local e faturam cerca de
R$ 30 bilhões ao ano. Mas, na avaliação do senador, o Brasil ainda tem
um longo caminho para reunir produtores em associações e cooperativas –
importantes instrumentos de difusão de políticas de combate a pragas, de
acesso ao crédito rural e de comercialização.
“O cooperativismo
valoriza o povo. Valoriza o ser humano como portador de conhecimento,
autonomia, voz e voto na tomada de decisões. O associado é um agente
ativo no mercado interno e externo, e também nas ações sociais da
comunidade”, destacou.
A cooperativa precisa encontrar seus
espaços dentro da economia. Hoje os principais parques agroindustriais
do Paraná são invariavelmente de cooperativas. O superintendente do
Sindicato de Organizações das Cooperativas do Estado do Paraná, José
Roberto Ricken, destacou que as cooperativas devem ter estatuto formal,
organização desde a base, integração dos interesses de cada membro,
participação das famílias e preocupação em agregar valores aos produtos.
Ricken
lembra que há 590 mil associados em cooperativas e 1,4 milhão de postos
de trabalho direto e indireto nesse sistema de gestão em cooperativas,
que representam 18% da economia do estado.
Salatiel Rodrigues de
Souza, presidente do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo
no Estado de Rondônia, disse que atualmente há quase 150 cooperativas em
Rondônia, que atendem 40 mil cooperados, ou 100 mil famílias. Ele
contou que existe um movimento em Rondônia para que as cooperativas se
unam e para que jovens ingressem nesse tipo de associação. “Um estado
que circula seus recursos entre as cooperativas é um estado promissor”,
sintetizou.
Entre impasses que fazem o setor caminhar a passos
lentos em alguns aspectos, em outros, cooperados de todo o país atuam
diariamente para alavancar os resultados do setor. No ramo agropecuário,
mas da metade da produção nacional vem de cooperativa, e ainda há
espaço para aumentar essa participação.
Um exemplo é a
cooperativa Witmarsum, em Palmeira, nos Campos Gerais, que teve origem
através de imigrantes alemães, russos, holandeses e poloneses que
chegaram a região na metade do século XX no Paraná. Eles passaram a
povoar o local e a fazer da associação entre produtores rurais, a
empresa mais importante da região. Desde o início o foco foi a criação
de gado leiteiro.
A cooperativa de Witmarsum é uma das 62 do
setor agropecuário associadas à Organização das Cooperativas do Estado
(OCB), capazes de entregar 45% da produção de carnes e laticínios do
Paraná e dois terços dos grãos produzidos no estado. “Se a gente pegar
dados do IBGE, no estado do Paraná, 30% das famílias tem vínculo com
processos cooperados”, comenta Jeferson Meister, coordenador da Coopera
Paraná.
Cooperativas impulsionam o agro
As cooperativas se
destacam como um motor fundamental para a economia, especialmente no
agronegócio. Ao oferecerem serviços financeiros acessíveis e sob medida
para as necessidades do setor, elas promovem não apenas o
desenvolvimento econômico, mas também a segurança financeira dos seus
associados.
Aliás, é interessante destacar que a própria história
das cooperativas se confunde com o desenvolvimento agrário brasileiro.
Muitas delas surgiram com o propósito de ajudar os agricultores
familiares a permanecerem no campo e ainda aumentarem a renda.
Na
oferta de crédito, essas instituições funcionam de um modo mais
democrático já que, diferentemente das instituições financeiras
tradicionais, as cooperativas não priorizam a rentabilidade, mas sim a
satisfação de seus cooperados. Além disso, em comparação com os bancos
tradicionais, as cooperativas oferecem taxas de juros mais competitivas e
termos mais favoráveis, fazendo com que os agricultores tenham melhores
condições para realizar suas atividades.
O destaque do setor,
vai além do Brasil. Nove cooperativas agrícolas brasileiras foram
listadas entre as Top 300 de todos os setores no relatório de 2023 do
World Cooperative Monitor, com especial destaque para Copersucar, Coamo e Aurora,
que se encontram entre as dez maiores em termos de receita bruta por
funcionário no ranking global do agronegócio. Tais números, sustentam os
dados e resultados que mostram, ano após ano, a grandiosidade do setor e
sua capacidade de se tornar um pilar cada vez maior, da segurança
alimentar mundial.
No intrincado panorama do agronegócio global,
as cooperativas se erguem como elementos essenciais para a
competitividade dos pequenos e médios produtores. Através da união, eles
conquistam vantagens de escala, expertise e acesso qualificado a
parceiros, fornecedores e clientes. No entanto, também enfrentam
desafios inerentes à dinâmica internacional. O sucesso do agronegócio
brasileiro está umbilicalmente ligado ao desenvolvimento e prosperidade
do cooperativismo, dada sua profunda raíz social e econômica no país. E é
vital, que a sociedade com um todo, esteja engajada na promoção e
valorização do setor.