Hábitos dos vetores da Febre do Oropouche são diferentes do Aedes Aegypti. Nível de atenção com esgotos e córregos, além de lixo orgânico deve ser redobrado - Foto: Divulgação
Após o primeiro caso confirmado de Febre do Oropouche em Alagoas, o
Hospital Escola Dr. Helvio Auto (HEHA), por meio de seus
infectologistas, alerta para a identificação e controle da proliferação
dos principais transmissores da doença (mosquito maruim e muriçoca) que
são comuns dos ambientes urbanos e silvestres de Alagoas.
A Febre
do Oropouche é uma doença causada por um arbovírus que foi isolado pela
primeira vez no Brasil em 1960, a partir de amostra de sangue de uma
bicho-preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília.
Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil,
principalmente nos estados da região Amazônica. Ultimamente os casos
estão se disseminando pela região Centro-Oeste, chegando ao Nordeste
pela Bahia. Nos últimos meses de maio e junho, a doença atingiu os
estados de Pernambuco e Paraíba, também atingindo Alagoas.
O
diferencial de transmissão em relação às outras doenças causadas por
arbovírus (doenças transmitidas por mosquito) é o vetor. Na Dengue, Zika
e Chikungunya, o Aedes Aegypti é o responsável pela infecção,
transmitida por meio da picada. Já na Febre do Oropouche, o mosquito
maruim e o pernilongo (muriçoca) são os responsáveis por transmitir a
doença. O que chama atenção são os diferentes hábitos de vida e
reprodução desses mosquitos em relação ao já conhecido Aedes Aegypti.
O
maruim vive onde há matéria orgânica em decomposição e costumam de
reproduzir em lugares alagados ricos em organismos (madeiras
apodrecidas, restos de frutas, fezes de animais, lixo proveniente de
matéria orgânica, etc.). Já a muriçoca costuma picar com mais frequência
a partir das 18h em ambientes domésticos. Depositam ovos juntos, em
forma de jangada, em água suja e poluída. Esgotos, córregos e água suja
empossada são criadouros naturais da muriçoca (pernilongo).
“Estamos
acostumados com o mosquito transmissor da dengue que gosta de água
limpa e parada. Com a chegada da Febre do Oropouche a Alagoas, devemos
nos preocupar também com outros aspectos. O maruim gosta de matéria
orgânica em decomposição, então ambiente com muito lixo orgânico, vão
atrair o mosquito e consequentemente, a transmissão de doenças, se o
inseto estiver infectado. Já a muriçoca é atraída pela água suja de
esgotos a céu aberto, córregos e rios onde a água está poluída, então o
segredo para evitarmos a transmissão é manter ambiente limpo com lixo
descartado de forma correta, além de efetiva limpeza e manutenção, por
parte do poder público, de rios e córregos ou áreas comuns onde haja
depósito regular de lixo orgânico”, explicou o infectologista do
Hospital Helvio Auto, Fernando Maia.
A Febre do Oropouche tem os
mesmos sintomas da Dengue, mas com algumas diferenças em sua forma
grave, que pode evoluir para complicações neurológicas, como meningite e
encefalite.
Por enquanto não existem bioinseticidas oficialmente
registrados para o combate destes mosquitos. Para afastá-los,
atualmente recomenda-se óleos a base de citronela, cravo e folhas de
neem aplicado no ambiente, além da utilização de telas de proteção tipo
voal nas portas e janelas.
Ao menor sinal de febre, dores de cabeça, dor nas articulações, dores musculares, náuseas, diarreia, procure um Serviço de Saúde para investigação e tratamento.
