
Estudos recentes da Universidade Federal de Alagoas
(Ufal) apontam níveis alarmantes de metais pesados no Riacho Salgado, em
Craíbas, Alagoas, que faz parte da sub-bacia do Rio Traipu, pertencente
ao sistema do Rio São Francisco. A contaminação, especialmente por
alumínio, preocupa moradores e autoridades locais, com índices acima do
tolerável pela legislação ambiental.
O Coletivo de Moradores das
Áreas Afetadas Por Mineração em Craíbas tem manifestado grande
preocupação, já que o alumínio em altas concentrações pode causar sérios
problemas de saúde, incluindo insuficiência renal crônica,
encefalopatia, osteomalacia e anemia. Segundo os pesquisadores, o nível
de contaminação no local é o mais alto registrado nos últimos seis anos.
A
Ufal, que monitora a qualidade da água do Rio São Francisco e seus
afluentes, identificou um aumento de compostos prejudiciais na foz do
Rio Traipu, onde ele encontra o São Francisco. Testes realizados em 2021
e 2022 revelaram altos índices de acidez, condutividade elétrica, e a
presença de elementos como amônia, manganês e fósforo, ultrapassando os
limites permitidos. Em 2023, novos testes confirmaram que esses níveis
permaneciam elevados.
Em uma tentativa de aprofundar a análise,
mais coletas foram realizadas pela Ufal e pelo Instituto do Meio
Ambiente (IMA). O estudo indicou a presença contínua de metais como
manganês, alumínio e cobre, além de uma alta condutividade elétrica,
sugerindo a persistência da contaminação.
Os pesquisadores
levantaram três possíveis causas para esse aumento nos níveis de metais
pesados. A formação geológica da região, com a presença de rochas e
depósitos de sais que, com o assoreamento e as chuvas, podem estar
contribuindo para a liberação desses compostos; A contaminação por
esgotos e agroquímicos, que, ao serem levados pelas chuvas para os rios,
contaminam a água; A atividade mineradora, que pode estar revolvendo o
solo e liberando metais para o curso d'água.
O estudo contou com a
colaboração de diversos laboratórios da Ufal, como o Laboratório de
Aquicultura e Ecologia Aquática (Laqua) e o Laboratório de
Instrumentação e Química Analítica (Linqa), e os resultados já foram
encaminhados para a Justiça Federal em Alagoas e à Defensoria Pública da
União (DPU). Aguardam-se agora posicionamentos de outros órgãos
ambientais para uma análise mais profunda e medidas corretivas.
*Com Tribuna Independente