Em uma propriedade de pequeno porte, com menos de meio hectare,
localizada no município de Igaci, no agreste alagoano, o agricultor
familiar José Cícero Alcântara se torna exemplo de perseverança,
investindo na suinocultura de forma sustentável, sem agressões ao meio
ambiente e explorando de forma racional todas as possibilidades geradas
pela criação dos animais.
Além de gerar renda para o sustento da
família com a criação de porcos, onde cinco matrizes e um macho
reprodutor garantem a exploração do negócio com a venda de leitões, um
biodigestor artesanal, construído pelo próprio agricultor, fornece o gás
necessário para atender a demanda de toda a família, reduzindo custos.
Completando o ciclo da sustentabilidade, todo o resíduo do processo de
produção de gás é utilizado como adubo para as hortas existentes na
pequena propriedade. Diante de todo este processo, por meio da
suinocultura, o agricultor consegue manter o sustento da família formada
por esposa e três filhos no campo.
De acordo com José Cícero, a
criação tem foco em animais destinado a engorda, utilizando raças que
apresentam um percentual menor de gordura para poder atender a demanda
do mercado consumidor, chegando a abater, por mês, uma média de dez
leitões.
“Para que a gente possa manter a clientela, temos que
ofertar produtos bons e de qualidade. Aqui a gente mantém sempre tudo
limpo e organizado com as baias sempre higienizadas, onde todas as fezes
dos porcos seguem para o biodigestor. Buscamos uma saúde animal de
qualidade que começa pela higiene do local onde os porcos vivem. Isso
contribui também para uma boa produção de novos leitões e para o
desenvolvimento do suíno, chegando ao tempo de abate sem perdas”,
declarou o agricultor familiar, reforçando que a alimentação é um fator
importante para se obter resultados positivos com a criação.
“Se
não tiver uma ração de qualidade para as matrizes, não vamos ter leitões
preparados para um bom desempenho, chegando aos quatro meses de vida
com o peso estimado de pelo menos quatro arrobas, 60 quilos. Por isso, é
preciso uma ração bem preparada com milho, soja e os devidos
nutrientes. Aqui, deixamos a alimentação e a água no cocho sempre a
vontade para o consumo dos animais”, destacou ele.
Segundo José
Cícero, com cinco matrizes a taxa de nascimento pode chegar até 20
leitões, em média, por mês, na propriedade. “Foi justamente por esse
motivo que optei pela suinocultura. Afinal, com pouco espaço o
agricultor consegue manter a atividade, explorando a criação de forma
sustentável o que seria mais complicado com a criação de bovinos, por
exemplo, que exige uma área muito maior”, afirmou o agricultor que
destacou o trabalho da cooperativa que o orienta e o incentiva na
criação.
Incentivo
“Esse modelo de
criação demonstra que é possível estar em um ambiente e trabalhar em
parceria com ele, usufruindo daquilo que nos é oferecido. No caso do
Cícero, ele tem uma área pequena, tirando o sustento da criação de
suínos. Há quatro anos ele não gasta dinheiro para comprar o gás de
cozinha que é fornecido pelo biodigestor”, afirmou Alexandre Lima,
técnico Agrícola do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo
(MTC) Cooperativa Cheiro da Terra.
De acordo com ele, o trabalho
desenvolvido na propriedade “quebra o paradigma de que o suíno é algo
que remete a um ambiente sujo e que deve ser criado de forma isolada e
que não cabe em uma área pequena. Todo esse trabalho realizado na
propriedade mostra que é possível a criação desde que se faça uso de
tecnologia, capacitação e principalmente força de vontade, além de
parcerias. Graças ao apoio da cooperativa é que foi possível o
agricultor tomar o conhecimento sobre a atividade, fazer um bom trabalho
que se tornou exemplo não apenas para Igaci, mas também para toda a
região”, destacou Lima.
Segundo ele, para prestar apoio e
assistência aos agricultores, o MTC e a Cooperativa Cheiro da Terra
estão se organizando por meio de grupos de base nas comunidades. “Com
isso, eles possam entender que tudo que nós fazemos e que é sucesso,
pode ser replicado em outras propriedades. Juntos, vamos buscar os
caminhos para que possamos ter mais casos de sucesso”, reforçou.
José Cícero cria os animais destinos a engorda - Foto: Divulgação
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