O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou que o
ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) está por trás do processo
que visa cassar seu mandato no Conselho de Ética da Casa. Em entrevista
concedida à Folha de São Paulo, nesta segunda-feira (21), após encerrar
uma greve de fome de oito dias, o parlamentar declarou que "todos na
Câmara sabem que é Lira quem está puxando os fios por trás do processo".
Braga
respondeu a uma representação motivada por agressão a um militante do
Movimento Brasil Livre (MBL). Segundo o deputado, o episódio foi uma
reação a insultos dirigidos à sua mãe, que estava em estágio avançado de
Alzheimer. Ele sustenta que se trata de uma perseguição política
liderada por Lira, a quem já criticou em plenário, incluindo o uso do
termo “bandido”.
O parlamentar ressaltou que o atual presidente
da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), embora apoiado por Lira na
eleição, demonstrou autonomia ao negociar a suspensão do processo por 60
dias. A medida levou ao encerramento da greve de fome de Braga. “Ele
demonstrou que não é o Arthur Lira no comando da presidência da Câmara”,
afirmou.
Glauber também citou casos envolvendo repasses do
chamado orçamento secreto para a cidade de Rio Largo (AL), base
eleitoral de Lira. Segundo ele, o município teria recebido R$ 90 milhões
em curto período, com parte do dinheiro sendo retirada em espécie e
entregue a agentes políticos locais. Ele também mencionou suposto
redirecionamento de R$ 300 milhões em emendas na Comissão de Integração
Nacional para beneficiar aliados do ex-presidente da Câmara.
O
deputado afirmou que não se arrepende da postura adotada durante o
processo e seguirá denunciando o que considera práticas de uso político
da estrutura da Câmara dos Deputados.
Com agências.