Os alimentos produzidos por cooperativas agropecuárias são figuras
carimbadas na mesa dos brasileiros. Arroz, feijão, carne, legumes,
frutas, ovos e até mesmo o cafezinho de todo dia têm, em muitos casos,
origem no cooperativismo.
Dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) apontam que mais de 50% da produção de
grãos, lácteos e carnes de aves e suínos do país passa, direta ou
indiretamente, por uma cooperativa.
Para Pedro Neto, secretário
de Inovação e Desenvolvimento Sustentável do Ministério da Agricultura e
Abastecimento (Mapa), o Brasil é um país vocacionado com grande atuação
no agronegócio. E o investimento nesse setor é necessário.
“Em
cinco décadas, o Brasil passou de importador de alimentos para um dos
maiores provedores de segurança alimentar do mundo. E as cooperativas
são um vetor fundamental para ampliar o apoio para esse setor.”, Pedro
Neto, secretário de Inovação e Desenvolvimento Sustentável do Mapa.
Durante
o segundo painel do talk “O impacto do cooperativismo no
desenvolvimento do Brasil e o apoio do BNDES”, promovido pelo Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela
Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em parceria com o Portal
Metrópoles, no dia 10 de abril, Neto destacou algumas iniciativas do
governo para o setor.
Lançado em janeiro de 2024, o programa Nova
Indústria Brasil (NIB) tem como uma de suas metas aumentar o Produto
Interno Bruto (PIB) da agroindústria brasileira em alguns bilhões. “Se
eu tenho uma agroindústria forte, um agro cooperativo forte, a gente tem
condições de chegar nesse desafio”, acrescentou Neto.
O
secretário ainda destacou o Programa Nacional de Conversão de Pastagem
Degradadas e a Plataforma oficial do governo Agro Brasil Mais
Sustentável como eixos estratégicos para qualificar a agropecuária
brasileira aos mercados exigentes.
Para os anos de 2025 e 2026, o
Mapa projeta a abertura de 344 novos mercados para a exportação de
produtos do agronegócio brasileiro, reforçando a relevância estratégica
do setor no cenário internacional.
Produção agroindustrial
No
agronegócio, as cooperativas desempenham um papel estratégico ao
organizar pequenos, médios e grandes produtores, contribuindo para a
redução de custos, ampliação do acesso a mercados e fortalecimento da
competitividade no setor.
Nesse sentido, as cooperativas
possibilitam a compra de insumos em maior escala, negociações mais
vantajosas na venda de produtos agropecuários e o compartilhamento de
infraestrutura, como armazéns e agroindústrias.
De acordo com o
Anuário do Cooperativismo Brasileiro de 2024, o setor agropecuário
encerrou o ano de 2023 com 1.179 cooperativas em atividade, somando mais
de 1 milhão de cooperados e cerca de 257 mil trabalhadores.
O
diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do
BNDES, José Luis Gordon, aponta que o setor está em grande expansão e
tem recebido um grande apoio financeiro da instituição.
“Em 2024,
o BNDES repassou R$ 7,5 bilhões em apoio ao cooperativismo agro. Isso
significa um crescimento de mais de 120% em comparação ao ano de 2023. E
quando comparado a 2022, essa diferença ultrapassa os 50%”, destacou
Gordon.
Agricultura sustentável
Com 172
cooperados e mais de 1.800 produtores familiares, a Cooperativa Agrícola
Mista de Tomé-Açu (Camta), no Pará, tem se destacado como um exemplo de
modelo sustentável de desenvolvimento rural.
Atualmente, a
cooperativa gera cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos,
exportando produtos como pimenta-do-reino, amêndoas de cacau, óleos
vegetais nobres e polpas de frutas tropicais — que somam 15 sabores
diferentes — para mercados nacionais e internacionais.
O Sistema
Agroflorestal de Tomé-Açu (Safta), criado na década de 70, visa a um
cultivo sustentável focado no manejo de áreas sem queimas. “Nós não
fazemos desmatamento. Fazemos renovação das áreas antropizadas por
homens e de algumas áreas que foram plantadas na década de 70 e que
precisam ser renovadas, como plantação de cacau e açaí”, explica Alberto
Oppata, presidente da Camta.
De acordo com ele, a cooperativa
possui um terreno de 44 mil hectares, sendo que 7 mil hectares estão em
sistemas agroflorestais produtivos e 10 mil hectares serão renovados.
Para
facilitar esse trabalho, a cooperativa adquiriu, em 2024, um trator
especial para patrulha mecanizada. O equipamento é capaz de reduzir em
até cinco vezes a emissão dos Gases de Efeito Estufa (GEE).
A
atuação da Camta fortalece a economia regional, promove práticas
sustentáveis e valoriza o trabalho das famílias agricultoras da região
amazônica.
“Nosso objetivo é manter o homem no campo, oferecendo
condições econômicas para que ele permaneça ali. Além de gerar empregos,
e seguir com um modelo mais sustentável e ecológico”, afirma Oppata.
Liderança sustentável
No
painel, foi apresentado também o case da Frimesa. Reconhecida como uma
das maiores cooperativas da América Latina e um dos negócios mais
sustentáveis do Brasil, a Frimesa é uma cooperativa central fruto da
união de cinco cooperativas paranaenses: Copagril, Lar, C.Vale, Primato e
Copacol.
Fundada em 1977, na cidade de Francisco Beltrão (PR), a
cooperativa atua com destaque nos segmentos de carne suína e derivados
lácteos, aliando alta produtividade a práticas de responsabilidade
socioambiental.
De acordo com o presidente da Frimesa, Elias José
Zydek, a cooperativa atingiu um faturamento de R$ 6,5 bilhões em 2024,
impulsionada pelo crescimento sustentável das operações. “Hoje contamos
com seis unidades industriais e temos orgulho de ser uma das primeiras
cooperativas agropecuárias a declarar compromissos públicos com metas
ESG”, afirmou.
Zydek destaca ainda o papel do modelo
cooperativista na construção de um futuro mais equilibrado. “O
cooperativismo talvez seja a melhor forma de alcançar o desenvolvimento
sustentável”, avalia.
Com foco contínuo em inovação,
sustentabilidade e valorização dos cooperados, a Frimesa consolida a
posição de liderança no agronegócio nacional e amplia a presença no
mercado internacional.
Confira na íntegra como foi o talk “O impacto do cooperativismo no desenvolvimento do Brasil e o apoio do BNDES”.