Pouco mais de dois meses após divulgar nas redes sociais que contava
com uma equipe especializada em cardiologia, o Hospital da Cidade,
gerido pela Prefeitura de Maceió, suspendeu todos os atendimentos na
área. A unidade já foi referência em procedimentos cardíacos quando
ainda se chamava Hospital do Coração.
A suspensão ocorre sem
aviso prévio aos usuários e afeta diretamente pacientes que dependiam de
exames, cirurgias e acompanhamentos médicos especializados. Em março
deste ano, o próprio perfil oficial do hospital no Instagram
(@hc.maceio) afirmava: “Nosso hospital tem um time de especialistas em
cardiologia. Aqui você pode fazer desde seus exames até a cirurgia que
precisa para deixar a saúde do seu coração em dia”. A publicação, que
ainda está no ar, destaca que “cuidar de você é nossa principal missão”.
O
Hospital da Cidade foi comprado pela Prefeitura de Maceió em 2023 com
recursos oriundos do acordo de compensação firmado com a mineradora
Braskem, responsável pelo afundamento de solo que destruiu cinco bairros
da capital.
Desde a aquisição, a unidade de saúde alardeada
pela Prefeitura de Maceió como o 1º Hospital Municipal da capital
alagoana vem recebendo críticas pontuais. O alto valor da compra, R$ 266
milhões, deveria ter sido acompanhado de estudos detalhados para
avaliar a viabilidade da gestão municipal sobre um hospital de alta
complexidade. No entanto, essa análise técnica não foi realizada
Em reportagem publicada à época da compra, o Jornal de Alagoas
apontou que o processo de aquisição foi marcado por falta de
transparência, ausência de licitação e críticas de conselheiros
municipais de saúde, que cobraram a criação de uma política pública
estruturada para atendimento às vítimas do desastre da Braskem, em vez
de ações pontuais.
O Jornal de Alagoas procurou
a Prefeitura de Maceió, que ainda não se pronunciou oficialmente sobre o
motivo da suspensão nem sobre uma possível retomada dos serviços.