O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também ocupa o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, informou nesta quinta-feira (24) que manteve um diálogo direto com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, sobre as novas tarifas impostas pelo governo norte-americano a produtos brasileiros.
A conversa, que durou
cerca de 50 minutos, ocorreu no último sábado (19) e foi considerada por
Alckmin como “positiva e produtiva”.
Essa foi a primeira
interlocução de alto nível entre representantes dos dois países desde
que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, há duas
semanas, a taxação de 50% em produtos brasileiros, com vigência prevista
para 1º de agosto.
“Nós colocamos todos os pontos e destacamos o
interesse do Brasil na negociação”, afirmou o vice-presidente. Ele
reiterou que a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é
tratar a questão de forma pragmática, sem contaminação política ou
ideológica.
“Queremos inverter a
lógica do perde-perde. Buscar soluções, ampliar a integração produtiva,
discutir a não bitributação e atrair investimentos recíprocos”,
completou.
Alckmin coordena o Comitê Interministerial de
Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, criado para
responder à medida norte-americana. Desde a semana passada, ele tem
realizado reuniões com setores diretamente afetados pelas tarifas,
incluindo representantes da indústria de armas e munições, como a Taurus
e a ANIAM, além de membros do varejo.
Paralelamente, o governo
brasileiro levou o tema à Organização Mundial do Comércio (OMC), onde
defendeu que sanções comerciais não devem ser usadas como instrumento
político ou para violar a soberania de outros países.
Em carta
enviada ao presidente Lula no início de julho, Trump justificou as
sanções com críticas à política externa brasileira e chegou a pedir
anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por tentativa
de golpe de Estado.
O governo brasileiro, embora tenha sinalizado
que poderá adotar medidas de reciprocidade caso as tarifas entrem em
vigor, ainda não anunciou contramedidas concretas.
A expectativa é que qualquer resposta oficial só seja divulgada após o início da vigência das sanções, em agosto.