O cenário eleitoral de 2026, em Alagoas, ainda não está totalmente
definido, mas já é consensual que o senador Renan Calheiros, presidente
estadual do MDB, comandará o processo sucessório no Estado, numa
maratona que envolve a eleição do próximo governador e do vice e também
de dois senadores, nove deputados federais e 27 deputados estaduais.
O
próprio Renan Calheiros será candidato a um feito histórico: conquistar
o quinto mandato de senador, igualando-se ao recordista maranhense José
Sarney, ex-presidente da República e vencedor de cinco disputas por
vagas no Senado Federal.
Experiente articulador político,
Calheiros liderou o projeto eleitoral do MDB em 2024, definiu
candidaturas, costurou alianças e composições e, ao final, pôde
comemorar a eleição (e reeleição) de 65 prefeitos de um total de 102
(com adesões já são cerca de 90) e de quase 400 vereadores.
Para
se ter uma avaliação mais precisa do resultado, considere-se que o
Progressistas (PP), do deputado Artur Lira, ficou em segundo lugar
elegendo apenas 27 prefeitos e 210 vereadores, ao passo que o PL,
partido do prefeito João Henrique Caldas, elegeu somente um gestor, o
próprio JHC, em Maceió.
No comando do maior bloco político já
formado em Alagoas, Renan pai já moveu o xadrez político adiantando duas
das principais posições em jogo: sua reeleição e a candidatura de Renan
Filho ao governo, em razão do que o ex-governador já confirmou que
deixará o cargo de ministro dos Transportes em abril de 2026 para poder
se candidatar.
NADA DE ACORDO
A propósito de Renan
Calheiros e seu MDB, uma informação em cima da hora: apesar do
noticiário especulativo e de informes com repercussão nacional dando
conta de um acordo entre o comando do MDB, o prefeito João Henrique
Caldas (JHC) e o deputado federal Artur Lira, com vistas às eleições do
próximo ano, nenhum entendimento nesse sentido aconteceu, pelo menos com
participação da legenda emedebista.
Na tarde desta quinta-feira
(10/7) o Blog apurou, junto a uma fonte autorizada do MDB, que não
existe acordo nenhum envolvendo o partido presidido em Alagoas pelo
senador Renan Calheiros, para viabilizar a candidatura do deputado Artur
Lira à segunda vaga de senador, esquema que deixaria o prefeito João
Henrique Caldas fora da corrida eleitoral de 2026.
Quanto a esse
ponto, Renan Calheiros descarta a hipótese de qualquer acordo com Lira,
já tendo dito e reiterado que o bloco político governista se dispõe a
firmar um entendimento, sim, mas no sentido de apoiar JHC para o Senado,
com o prefeito aliando-se ao projeto do retorno do ministro Renan Filho
à chefia do Executivo estadual. “Isso só está dependendo do próprio
prefeito”, disse Renan recentemente pelas redes sociais.
O
alinhamento nesse sentido resultaria de um acerto que vem amadurecendo
nos últimos meses envolvendo a nomeação da procuradora Marluce Caldas
(tia de JHC) como ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), graças
ao empenho do senador Renan Calheiros junto ao presidente Lula, tendo
como contrapartida o expresso apoio do prefeito maceioense ao nome de
Renan Filho para o governo estadual.
PROJETOS DEFINIDOS
Confirmando
uma tendência que ganhou força já na transição do governo para Paulo
Dantas, em 2022, o ex-governador e atual ministro dos Transportes Renan
Filho comunicou formalmente que vai deixar o cargo no governo federal em
abril vindouro para disputar o governo de Alagoas pela terceira vez.
Do
mesmo modo, o senador Renan Calheiros também já anunciou seu projeto de
disputar à reeleição, em busca do quinto mandato, numa caminhada que,
se vitoriosa, o colocará em pé de igualmente ao recordista maranhense
José Sarney, que venceu cinco disputas por vagas no Senado Federal.
AFIRMAÇÃO COM HISTÓRIA
O
protagonismo político sempre ascendente, nas últimas décadas, assegurou
projeção nacional a Renan Calheiros e concorreu para a formação de um
bloco político considerado imbatível, em Alagoas, reunindo dois
senadores, deputados federais e mais de 20 estaduais, incluindo Marcelo
Victor, presidente da Assembleia Legislativa, cerca de 90 prefeitos,
dentre eles Luciano Barbosa, campeão de votos em Arapiraca, mais de 500
vereadores e, exibindo força crescente e liderança de peso, o governador
Paulo Dantas.
Tudo isso começou há mais de 50 anos. Líder
estudantil entre as décadas de 70/80, Renan iniciou sua trajetória
política elegendo-se deputado estadual e, logo em seguida, deputado
federal, tentou sem sucesso a Prefeitura de Maceió (1988) e o governo do
Estado (1990), mas deu a volta por cima em 1994 quando conquistou o
primeiro mandato senatorial. Presidiu o Congresso Nacional em três
oportunidades, foi ministro da Justiça (governo de Fernando Henrique
Cardoso) e até assumiu a presidência da República interinamente.
Renan descarta conversar com Lira e aguarda manifestação de JHC - Foto: Assessoria
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