Especialistas alertam para esgotamento físico e emocional de cuidadores e acompanhantes Saiba quais os efeitos do adoecimento de quem cuida e conheça as estratégias para preservar a saúde mental Por Assessoria 11/07/2025 14h02

Especialistas alertam para esgotamento físico e emocional de cuidadores e acompanhantes - Foto:                                                                                  Assessoria

O processo de adoecimento de quem acompanha ou cuida de alguém começa, muitas vezes, já no momento do diagnóstico. É o que explica a assistente social Bruna Clementino Queiroz, do Hospital Antônio Prudente, da Hapvida. Internações, tratamentos longos, dependência intensa e mudanças na rotina familiar são apenas parte dos desafios enfrentados por cuidadores. Isso leva ao esgotamento físico, emocional e mental, agravando ainda mais o impacto dessa experiência.

Bruna, que também já cuidou dos próprios pais, afirma que o cuidador precisa buscar equilíbrio desde o início. Para ela, algumas práticas são fundamentais: descansar sempre que possível, pedir ajuda, adaptar a rotina sem abrir mão de si, praticar atividades físicas, manter alimentação adequada, buscar apoio psicológico e trabalhar a espiritualidade. “Mesmo pequenos momentos de alívio, como um café com um amigo ou uma caminhada, ajudam a aliviar a sobrecarga”, complementa.

Ela ressalta que, apesar dos desafios, esse processo também transforma: novas redes de apoio surgem, rotinas se tornam refúgio e a consciência da finitude desperta novos sentidos. “A dor faz parte da vida, mas estar consciente e presente ajuda a viver o que precisa ser vivido, inclusive o luto”, diz Bruna.

O psicólogo Daivison Tavares, do Hospital Maceió, alerta para os principais sinais de esgotamento emocional, também conhecido como fadiga por compaixão. “Diminuição de sono, irritabilidade, angústia, perda ou ganho de peso, dificuldade de realizar atividades básicas de vida diária ou ações corriqueiras, perda de interesse por determinadas agendas ou relacionamentos e diminuição da libido são alguns sinais”, alerta o profissional.

Ele orienta que os cuidadores busquem cuidar de si mesmos por alguns momentos. “É preciso combater a culpa, um sentimento muito presente nesse processo de cuidar, principalmente quando são os familiares que cuidam e sempre ficam com aquela sensação de dívida. Muitas vezes, cuidadores solos, quando são filhos únicos, ficam extremamente sobrecarregados. Então, quando eles começam a praticar algum tipo de atividade em prol deles, a culpa geralmente aparece”, explica.

Tavares explica que a psicologia direciona essas pessoas a olharem para si com cuidado. “O acompanhamento psicológico é indicado para os cuidadores justamente por essa relação de culpa e autocuidado, por essa linha tênue entre cuidar do outro e cuidar de si. Então, no processo psicoterapêutico, a pessoa descobre quais são os seus medos, os seus traumas, as suas potencialidades, as fragilidades e por que ela tem tanta dificuldade de cuidar de si, uma vez que a gente sabe que para cuidar do outro a gente precisa estar muito bem cuidado”, conclui.
 

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