O processo de adoecimento de quem acompanha ou cuida de alguém começa,
muitas vezes, já no momento do diagnóstico. É o que explica a assistente
social Bruna Clementino Queiroz, do Hospital Antônio Prudente, da
Hapvida. Internações, tratamentos longos, dependência intensa e mudanças
na rotina familiar são apenas parte dos desafios enfrentados por
cuidadores. Isso leva ao esgotamento físico, emocional e mental,
agravando ainda mais o impacto dessa experiência.
Bruna, que
também já cuidou dos próprios pais, afirma que o cuidador precisa buscar
equilíbrio desde o início. Para ela, algumas práticas são fundamentais:
descansar sempre que possível, pedir ajuda, adaptar a rotina sem abrir
mão de si, praticar atividades físicas, manter alimentação adequada,
buscar apoio psicológico e trabalhar a espiritualidade. “Mesmo pequenos
momentos de alívio, como um café com um amigo ou uma caminhada, ajudam a
aliviar a sobrecarga”, complementa.
Ela ressalta que, apesar dos
desafios, esse processo também transforma: novas redes de apoio surgem,
rotinas se tornam refúgio e a consciência da finitude desperta novos
sentidos. “A dor faz parte da vida, mas estar consciente e presente
ajuda a viver o que precisa ser vivido, inclusive o luto”, diz Bruna.
O
psicólogo Daivison Tavares, do Hospital Maceió, alerta para os
principais sinais de esgotamento emocional, também conhecido como fadiga
por compaixão. “Diminuição de sono, irritabilidade, angústia, perda ou
ganho de peso, dificuldade de realizar atividades básicas de vida diária
ou ações corriqueiras, perda de interesse por determinadas agendas ou
relacionamentos e diminuição da libido são alguns sinais”, alerta o
profissional.
Ele orienta que os cuidadores busquem cuidar de si
mesmos por alguns momentos. “É preciso combater a culpa, um sentimento
muito presente nesse processo de cuidar, principalmente quando são os
familiares que cuidam e sempre ficam com aquela sensação de dívida.
Muitas vezes, cuidadores solos, quando são filhos únicos, ficam
extremamente sobrecarregados. Então, quando eles começam a praticar
algum tipo de atividade em prol deles, a culpa geralmente aparece”,
explica.
Tavares explica que a psicologia direciona essas pessoas
a olharem para si com cuidado. “O acompanhamento psicológico é indicado
para os cuidadores justamente por essa relação de culpa e autocuidado,
por essa linha tênue entre cuidar do outro e cuidar de si. Então, no
processo psicoterapêutico, a pessoa descobre quais são os seus medos, os
seus traumas, as suas potencialidades, as fragilidades e por que ela
tem tanta dificuldade de cuidar de si, uma vez que a gente sabe que para
cuidar do outro a gente precisa estar muito bem cuidado”, conclui.
Especialistas alertam para esgotamento físico e emocional de cuidadores e acompanhantes - Foto: Assessoria
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