Uma nova diretriz mundial da Global Initiative for Asthma (GINA 2025)
estabelece critérios objetivos para o diagnóstico de asma em crianças
menores de 5 anos. Divulgado em maio, o documento representa um passo
importante para melhorar o cuidado em casos de sintomas respiratórios
frequentes.
Até então, pequenos nessa faixa etária com sibilância
(chiado) recorrente poderiam ter o diagnóstico de asma sugerido, sem
necessariamente ser confirmado. “Sempre houve muito cuidado sobre como
nomear ou tratar o chiado recorrente em lactentes e pré-escolares,
porque nem sempre se trata de asma, podendo ser um quadro transitório da
infância”, diz o pneumopediatra Fabio Muchão, do Einstein Hospital
Israelita. “Entretanto, a nova diretriz consolida algo que muitos
pneumologistas infantis e pediatras já faziam na prática, ou seja,
tratar pacientes com sintomatologia importante e fatores de risco para
asma com medicações para essa doença.”
Conforme o documento, o
diagnóstico de asma em crianças pequenas deve incluir três critérios:
episódios recorrentes de chiado ou ao menos um episódio de chiado com
sintomas semelhantes aos da asma (por exemplo, tosse ao fazer atividade
física, rir, chorar, sono), ausência de outras doenças que possam causar
esse quadro e melhora dos sintomas com medicação para asma.
Para
Muchão, a nova diretriz pode dar mais segurança para pais e pediatras
sobre como tratar essas crianças. “Há um certo temor desse diagnóstico,
que é infundado, porque a asma bem tratada pode ser controlada”,
assegura. Segundo o especialista, o diagnóstico também pode facilitar a
aderência ao tratamento.
A asma e os desafios do controle
A
asma é uma doença crônica multifatorial, sem cura, mas controlável.
Está associada a fatores genéticos e ambientais. Segundo o Ministério da
Saúde, afeta cerca de 20% da população brasileira, sendo uma das
doenças crônicas mais comuns na infância e adolescência. Exposição a
vírus respiratórios, alérgenos, poluição e mudanças climáticas (frio ou
calor extremo) podem ser gatilhos para as crises.
Os sintomas
incluem dificuldade para respirar, chiado, tosse e sensação de aperto no
peito. Sem o tratamento adequado, as crises podem ser graves e, em
alguns casos, levar à morte. A terapia pode exigir o uso de medicamentos
de alívio e manutenção, como corticoides inalatórios e
broncodilatadores, conforme orientação médica.
Além do tratamento
medicamentoso, as boas práticas para controlar a asma incluem manter a
casa limpa, evitar alérgenos comuns como ácaros e mofo e controlar a
exposição a poluentes como fumaça de cigarro.
Pais e cuidadores
devem buscar avaliação médica sempre que a criança apresentar episódios
recorrentes de chiado, tosse persistente ou dificuldade respiratória,
especialmente em situações de exposição a fatores que podem desencadear
uma crise. Diagnosticar cedo a asma permite que a criança e a família
aprendam a reconhecer sinais de agravamento, evitando internações e
garantindo qualidade de vida.
O diagnóstico de asma em crianças pequenas deve incluir três critérios - Foto: Getty Images
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