Justiça Eleitoral derrota Cunha no tapetão das cestas básicas contra eleição de Paulo Dantas Oposição também usou peça da PF contra governador, mas ação foi barrada pelo Supremo Por Blog do Romero 25/07/2025 16h04

                                              Rodrigo Cunha - Foto: Reprodução/Instagram

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AL) considerou infundada a denúncia do ex-senador Rodrigo Cunha contra o governador Paulo Dantas por manter, durante a campanha eleitoral de 2022, o ‘Pacto contra a fome’, programa de distribuição de cestas básicas a milhares de famílias alagoanas carentes de alimentos. No julgamento, realizado na 2ª feira (21/7), por quatro votos a três os juízes eleitorais decidiram que a entrega de cestas de alimentos não constituiu abuso de poder.

Impetrada pelo então candidato ao governo, Rodrigo Cunha, a ação foi apenas uma das tentativas de vencer a disputa sucessória estadual no tapetão de processos judiciais tendo como principais protagonistas Rodrigo Cunha e o deputado federal Artur Lira, sendo que o primeiro também foi derrotado, no TRE-AL ao tentar cassar o mandato de Paulo Dantas com ação contra o Escola 10, programa de inclusão escolar na rede estadual de ensino.

AUTORIZAÇÃO TÁCITA


No episódio das cestas básicas, cumpre salientar: depois de ser provocado pelo candidato Cunha, o Tribunal Eleitoral reconheceu a legalidade da distribuição dos alimentos, tanto que o então presidente da Corte, desembargador Alcides Gusmão, não suspendeu as entregas das cestas e permitiu que o programa fosse mantido até nove dias antes do pleito:

• Assim sendo, no exercício do poder geral de cautela, determino aos investigados que se abstenham de promover a distribuição de cestas básicas depois do dia 21 de outubro de 2022 – ordenou Alcides Gusmão. O segundo turno aconteceu no dia 30 de outubro.

Com o despacho, ficou evidente que o próprio presidente do TRE-AL demonstrou não enxergar anormalidade na distribuição dos alimentos ou, do contrário (isso era óbvio) teria ordenado a suspensão ‘imediatamente’.

MAIS TAPETÃO


Sem apoio do eleitorado para vencer a disputa no voto, o grupo de Cunha e Lira também tentou barrar a candidatura de Dantas valendo-se de um inquérito em que a Polícia Federal acusava, sem apresentar provas materiais, o governador alagoano (eleito indiretamente para completar o mandato de Renan Filho) de ‘suposto’ desvio de recursos da Assembleia Legislativa.

Previsivelmente, a acusação acabou por embasar um pedido de afastamento do governador alagoano, acatado pela então ministra Laurita Vaz, que o senador Renan Calheiros acusou de ser uma militante bolsonarista.

O esquema tinha (quase) tudo para funcionar, Paulo Dantas foi afastado em 11 de outubro, faltando 20 dias para o segundo turno, a oposição comemorou como se fosse a própria vitória eleitoral, até que o MDB, sob o comando do senador Renan, agiu rápido acionando o então advogado Cristiano Zanini e recorrendo ao Supremo Tribunal Federal.

VANTAGEM CAIU


Com a urgência que o caso exigia, os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes deram uma aula de direito eleitoral e revogaram a decisão da ministra Laurita Vaz, determinando a imediata reintegração de Paulo Dantas no cargo de governador.

Evidente que, com toda a mobilização oposicionista envolvendo o Judiciário, a liderança do governador – que vencera o primeiro turno com mais de 300 mil votos de vantagem – sofreria erosão, mas, ainda assim, o candidato do tapetão acabou perdendo o pleito por diferença de mais de 70 mil votos.

PONTO FINAL


O tapetão de Cunha, vale anotar, não funcionou nem vai funcionar: primeiro, porque infundado, e, a partir de agora, porque não há mais tempo para recorrer ao TSE em Brasília, afastar Paulo Dantas e convocar novas eleições. Isto porque um julgamento na instância superior (o TSE em Brasília) só seria concluindo em 2026 e, nessa hipótese, mesmo que o governador fosse afastado, junto com o vice Ronaldo Lessa, um novo governador, para cumprir mandato-tampão, seria eleito pela Assembleia Legislativa controlada pelas forças governistas lideradas pelo presidente Marcelo Victor, aliado de Paulo Dantas.
 

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