O desempenho agroindustrial das variedades de cana-de-açúcar RB na
safra 2024/2025, em Alagoas, foi tema de uma palestra realizada nesta
quinta-feira (10), no Centro de Convenções de Maceió, no bairro de
Jaraguá, durante o terceiro dia do 40º Simpósio da Agroindústria da
Cana-de-Açúcar. O evento é promovido pela Sociedade dos Técnicos
Açucareiros e Alcooleiros do Brasil – STAB (Regional Leste).
A
apresentação foi conduzida pelo engenheiro agrônomo Antônio Rosário
Souza, pesquisador da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do
Setor Sucroenergético (Ridesa). Diante de congressistas de várias
regiões do país e de técnicos das principais usinas de açúcar e etanol
de Alagoas, ele compartilhou os resultados de desempenho de algumas
variedades RB, tanto em aspectos agrícolas quanto industriais.
Entre
os destaques, Souza ressaltou a variedade RB08791, recomendada para o
período de meio a final de safra e adaptada a solos de menor
fertilidade. “Essa variedade é ideal para produtores que não têm acesso a
sistemas de irrigação. Quando cultivada com irrigação por gotejamento,
por exemplo, pode dobrar ou até triplicar a produtividade por hectare”,
explicou.
Além da RB08791, o pesquisador afirmou que outras
variedades – como RB07818, RB0814 e RB0764 – já estão em processo de
multiplicação em Alagoas. “Nosso trabalho é feito em parceria com as
unidades produtoras. Pode levar de 10 a 12 anos para desenvolver uma
nova variedade, mas esse processo já ocorre em regiões como Coruripe e
Santo Antônio, onde essas cultivares estão sendo testadas e plantadas em
campo”, afirmou.

Segundo
dados disponibilizados no site oficial da Ridesa, atualmente, as
variedades RB são cultivadas em mais de 65% da área de cana-de-açúcar do
Brasil, representando uma contribuição de cerca de 12,3% na matriz
energética nacional.
Durante a palestra, Souza também reforçou a
importância da parceria público-privada para a continuidade das
pesquisas da Ridesa, que há mais de 30 anos desenvolve variedades
melhoradas por meio do Programa de Melhoramento Genético da
Cana-de-Açúcar (PMGCA) em todo o Brasil. Em Alagoas, a iniciativa é
desenvolvida pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
“Há
mais de três décadas cultivamos variedades RB em todo o Brasil, com
forte presença em Alagoas. Sem a colaboração entre o setor público e o
privado, não seria possível lançar novos materiais. A continuidade
dessas parcerias é fundamental para o avanço do melhoramento genético da
cana-de-açúcar”, enfatizou.
A Ridesa mantém dois importantes
bancos de germoplasma onde são realizados cruzamentos genéticos de
variedades: um na Estação de Floração e Cruzamento Serra do Ouro, em
Murici (AL), e outro na Estação de Floração e Cruzamento de Devaneio, em
Amaraji (PE).
“Nós atendemos todo o Brasil com novas variedades.
Os cruzamentos são feitos nesses centros e enviados para várias
universidades, além da UFAL. É a partir desse trabalho que surgem os
novos materiais que abastecem o setor sucroenergético”, concluiu o
pesquisador.
As variedades RB, cuja sigla significa República do
Brasil, trazem em seus códigos numéricos informações sobre o ano do
cruzamento e a universidade responsável pelo desenvolvimento.