A inflação acumulada nos últimos 12 meses atinge com mais
força as famílias mais pobres e chega a 12% para aquelas com renda
domiciliar menor que R$ 1.808,79. A análise foi divulgada hoje (14) pelo
Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), com dados que vão
até março.
A variação de preços acumulada em um ano cai conforme a
renda aumenta e chega a 10% entre as famílias mais ricas, que ganham
mais de R$ 17.764,49 por mês. As demais faixas de renda tiveram inflação
de 11,6% (renda baixa e média-baixa), 11,1%, (renda média), e 10,4%
(renda média-alta).
Quando é considerado apenas o mês de março, o
cenário se repete: as famílias de renda muito baixa tiveram inflação
mensal de 1,74%. A variação de preços foi de 1,72% para as famílias de
renda baixa; de 1,70%, para as famílias de renda média-baixa; de 1,63%,
para as famílias de renda média; de 1,51%, para as famílias de renda
média-alta; e de 1,24% para as famílias de renda alta.
As faixas
de renda consideradas na pesquisa do Ipea são: muito baixa (menor que R$
1.808,79), baixa (de R$ 1.808,79 a R$ 2.702,88), média-baixa (de R$
2.702,88 a R$ 4.506,47), média (de R$ 4.506,47 a R$ 8.956,26),
média-alta (de R$ 8.956,26 a R$ 17.764,49) e alta (maior que R$
17.764,49).
A inflação oficial de março calculada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para toda a população
brasileira foi de 1,62%, a maior para um mês de março desde a
implantação do Plano Real, em 1994. Em 12 meses, o indicador acumula
aumento de 11,3%.
Alimentos e transporte
O
Ipea explica na análise divulgada hoje que os preços dos grupos
alimentos e bebidas e transportes foram os principais responsáveis pela
pressão inflacionária no mês de março, sendo o primeiro mais relevante
na cesta de compras das famílias de menor renda. Para as outras faixas
de renda, pesaram mais os aumentos do grupo transporte, especialmente
dos combustíveis.
Além de o grupo alimentos e bebidas ter sido
responsável por uma pressão inflacionária relevante, dentro desse grupo
foram muito afetados itens de grande relevância para as famílias de
menor renda, como arroz (que subiu 2,7%), feijão (6,4%), cenoura
(31,5%), batata (4,9%), leite (9,3%), ovos (7,1%) e pão francês (3,0%).
As
famílias mais pobres sofreram ainda o impacto do reajuste das tarifas
de ônibus urbano (1,3%) e interestadual (3%) e os aumentos de 6,6% do
preço do gás de botijão e de 1,1% da energia elétrica.
Para as
famílias de maior renda, a inflação foi mais impactada pelas altas de
6,7% da gasolina, de 13,7% do óleo diesel e de 8% dos transportes por
aplicativo. Por outro lado, houve queda de 7,3% nas passagens aéreas e
de 0,69% nos planos de saúde.
Ao analisar os últimos 12 meses, o
Ipea afirma que a maior pressão inflacionária para as famílias de renda
mais baixa vem do grupo ‘habitação’, no qual pesaram os reajustes de
28,5% das tarifas de energia elétrica e de 29,6% do gás de botijão.
Essas
famílias também foram as que mais sentiram as altas dos alimentos em
domicílio, principalmente os reajustes de 55,9% dos tubérculos, de 8,1%
das carnes, de 18,9% de aves e ovos, de 13,5% dos leites e derivados e
de 10,8% dos panificados.
As famílias de maior renda, por sua
vez, sentiram mais a pressão dos combustíveis, como gasolina (27,5%),
etanol (24,6%), diesel (46,5%) e gás natural (45,6%), além do reajuste
de 42,7% do transporte por aplicativo.