
Nove pessoas foram presas na operação Overdose,
desencadeada na manhã desta quinta-feira (1º), em ação integrada,
coordenada pela Secretaria da Segurança Pública, contra uma organização
criminosa que furtava medicamentos disponibilizados pelo Sistema Único
de Saúde em Maceió. Detalhes da operação foram apresentados durante
coletiva na sede da SSP, no Centro da capital.
De acordo com
as investigações - iniciadas em março desse ano, pela Diretoria de
Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) da Polícia Civil,
em parceria com a Polícia Militar -, funcionários de empresas
terceirizadas, responsáveis pela limpeza e higienização de unidades de
saúde de Maceió, integravam a organização criminosa.
Segundo o chefe-geral de Inteligência da SSP, delegado Gustavo
Henrique Barros, esses trabalhadores eram cooptados por um indivíduo,
que fazia a distribuição dos remédios para comercialização de forma
ilegal em Alagoas e também em outros estados, como São Paulo.
“Pela
facilidade de acesso que essas pessoas tinham aos locais onde estavam
os medicamentos, eles aproveitavam o momento da limpeza para
subtraí-los, colocando-os em sacos de lixo, o que dificultava a
descoberta da ação. Em uma atividade em cadeia sincronizada, eles
repassavam os fármacos para receptadores intermediários, que, por sua
vez, repassavam para o líder e mentor de todo o esquema criminoso. Esse
indivíduo tinha o papel de repassar para os receptadores finais, entre
os quais havia, inclusive, proprietários de farmácias e distribuidoras
de medicamentos, que comercializavam os produtos”, afirmou o delegado.
Ainda
de acordo com o investigador, os prejuízos não foram totalmente
mensurados em valores, mas são bastante altos. “A preferência era,
especialmente, por medicamentos utilizados para o tratamento de doenças
raras e graves, como as oncológicas, extremamente caros. Para se ter uma
ideia, um dos remédios custa, no mercado, R$ 20.850,00, outros, entre
R$ 15.000,00 e R$ 19.000,00”, disse Gustavo Henrique. A contabilização
da quantidade de materiais apreendidos ainda não foi finalizada.
Também
conforme apurado pelos policiais, até o momento, não há participação de
servidores públicos efetivos ou comissionados nos atos criminosos. No
entanto, conforme o diretor da Dracco, delegado Igor Diego, as
investigações continuam.
“A gente vem trabalhando em diversas provas, tentando identificar
todos os envolvidos. Lembrando que tudo começou com pequenos furtos em
hospitais. O líder da organização, ao procurar pessoas que atuavam
nesses setores, começou a oferecer valores para quem conseguisse
realizar as subtrações, como uma motivação para a ação delituosa. Temos,
nesse caso, a tipificação de furto qualificado, por receptação e,
também, por organização criminosa, além do crime contra a saúde pública,
que é você adquirir medicamento de estabelecimentos ou de pessoas que
não têm autorização para fazer essa revenda”, informou o delegado.
Ainda
segundo Igor Diego, seis dos noves presos foram pegos em flagrante,
pois estavam com medicamentos em casa. Só não foram apreendidos mais
produtos, porque os criminosos agiam rapidamente para distribuí-los. “A
partir de agora, iremos trabalhar para fechar os demais compromissos com
o inquérito policial. Diversos aparelhos celulares foram apreendidos, e
serão registrados e analisados, para a gente saber se tem mais pessoas
participando do esquema”, ressaltou.
O delegado-geral da Polícia
Civil, Gustavo Xavier, e o comandante-geral da Polícia Militar, coronel
Paulo Amorim, que também participaram da coletiva, enalteceram a
importância do trabalho investigativo e da integração entre as forças de
segurança para a sociedade, principalmente, para os pacientes e seus
familiares, que tanto precisam dos medicamentos subtraídos e ficaram
desabastecidos.
Em depoimento pessoal, o chefe da Inteligência da
SSP reforçou a consequência social do crime. “Quem já teve problemas de
câncer na família, como eu tive, sabe o quão difícil é a luta contra
essa doença. E essas pessoas, sem nenhum senso de humanidade, subtraíam
esses medicamentos, que, muitas vezes, faltavam para aquela pessoa que
está com câncer, que está ali com as doenças, precisando de tratamento.
Então, considerem, especialmente por conta desse fator humanitário, que
essa operação foi uma das ações mais relevantes que a Secretaria da
Segurança Pública desencadeou este ano”, finalizou.
Participaram
também da coletiva o comandante do Policiamento da Região Metropolitana,
coronel Maciel Pantaleão; o chefe da Comissão de Promoção de Oficiais e
Praças da PM, tenente-coronel Rogério dos Santos; e o major Nivaldo
Sampaio, da Chefia de Inteligência da SSP.
Operação Overdose
A
ação integrada foi deflagrada para dar cumprimento a dez mandados de
prisão e nove de busca e apreensão nas cidades de Maceió e Marechal
Deodoro. Nove pessoas foram presas, e diversos medicamentos apreendidos.
A Dracco foi responsável pela representação dos mandados junto à 17ª
Vara Criminal da Capital, com base nas provas técnicas obtidas ao longo
das investigações.
A operação ganhou o nome de Overdose por fazer
um paralelo com a prática de se expor a doses excessivas de uma
determinada droga, medicamento ou outras substâncias, que leva o
organismo a graves alterações, assim como o volume de fármacos furtados
pelo grupo criminoso e o consequente prejuízo causado ao poder público e
à sociedade.
Participaram dos cumprimentos de mandados, equipes
do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Batalhão de Rotam,
Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) e do Batalhão de Polícia
Rodoviária (BPRv), pela Polícia Militar, e do Tático Integrado de Grupos
de Resgates Especiais (TigreI), da Seção de Capturas e do Núcleo de
Investigação da Dracco, da Polícia Civil de Alagoas.
A população é
grande parceira das forças de segurança no combate ao crime e pode
contribuir com o trabalho da Segurança Pública realizando denúncias
sobre homicídios, tráfico de drogas, roubos, organizações criminosas,
dentre outros, por meio do Disque-Denúncia. As ligações para o 181 são
gratuitas e as informações também podem ser repassadas através do https://disquedenuncia.seguranca.al.gov.br. O sigilo é garantido.