O novo esquema vacinal para imunização contra a
poliomielite, doença conhecida como paralisia infantil e transmitida
pelo poliovírus, começa a valer a partir desta segunda-feira (4),
conforme determinação do Ministério da Saúde (MS). Com isso, as doses da
vacina oral poliomielite bivalente (VOPb), conhecida como vacina da
gotinha, serão substituídas pela vacina inativada poliomielite (VIP),
que é injetável.
Anteriormente, o esquema vacinal contra a doença
previa o uso da vacina injetável nas três primeiras doses, aos 2, 4 e 6
meses de vida. Já as doses de reforço eram ministradas com a vacina
oral, aos 15 meses (4º dose) e aos 4 anos de idade (5º dose). Com a
alteração, a partir da próxima semana, a dose de reforço será aplicada
somente aos 15 meses e com a vacina injetável.
A assessora do
Programa Nacional de Imunização em Alagoas (PNI/AL), enfermeira Rafaela
Siqueira, reforçou que apesar da mudança no esquema vacinal, a segurança
e efetividade da imunização continua a mesma. “A vacinação é uma das
maiores conquistas da humanidade e, no caso da poliomielite, a vacinação
é a única forma de prevenção da doença. A população pode ficar
tranquila com a mudança, que representa um avanço e segurança clínica
para preservar a saúde das nossas crianças”, frisou.
O secretário
de Estado da Saúde, Gustavo Pontes de Miranda, ressaltou que o novo
esquema vacinal contra a poliomielite representa mais um passo para a
erradicação da doença. “O Brasil e Alagoas seguem na luta contra a
poliomielite, agindo com seriedade e amparados em critérios científicos,
sempre com o foco na saúde e na segurança da população”, destacou.
A doença
A
poliomielite, conforme o Ministério da Saúde, é uma doença contagiosa
aguda, causada por um vírus que pode infectar crianças e adultos, por
meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca
das pessoas doentes. Nos casos mais graves, ela pode causar paralisia
nos membros inferiores, por isso é conhecida como paralisia infantil.
Geralmente,
a transmissão do poliovírus ocorre em locais com falta de saneamento,
onde as condições habitacionais são precárias e a higiene pessoal é
deficiente. As sequelas da poliomielite estão relacionadas com a
infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus, normalmente
correspondem a sequelas motoras e não têm cura.
Entre as
principais sequelas estão problemas e dores nas articulações; pé torto,
conhecido como pé equino, em que a pessoa não consegue andar, porque o
calcanhar não encosta no chão; crescimento diferente das pernas, o que
faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, causando
escoliose; osteoporose; paralisia de uma das pernas; paralisia dos
músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na
boca e na garganta; dificuldade de falar; atrofia muscular; e
hipersensibilidade ao toque.
Ainda de acordo com o Ministério da
Saúde, o diagnóstico da poliomielite deve ocorrer sempre que houver
paralisia flácida de surgimento agudo, com diminuição ou abolição de
reflexos tendinosos, em menores de 15 anos. Os exames de líquor e a
eletromiografia são recursos diagnósticos importantes e o diagnóstico
será dado pela detecção de poliovírus nas fezes.
A doença
permanece endêmica no Afeganistão e Paquistão, com registro de cinco
casos em 2021, mas não há nenhum caso confirmado nas Américas. Como
resultado da intensificação da vacinação, no Brasil não há circulação de
poliovírus selvagem da poliomielite desde 1990.